Por Aline Pires
Do alto de seus quase 80 anos, a escritora chilena Isabel Allende segue nos surpreendendo e criando. Que sorte a nossa de poder seguir apreciando novas produções, como Mulheres de Minha Alma, que ela lançou no ano passado pela Bertrand Editora. Era uma leitura que estava na minha lista desde que foi anunciada e fico bem contente de não ter me decepcionado diante da expectativa. A realidade da leitura atendeu à ansiedade. Mulheres de Minha Alma é uma espécie de caderno de memórias, não é um de seus incensados romances, mas é uma obra que segue nos dando a dimensão do quão maravilhosa Isabel Allende é!
Isabel percorre sua própria história, que por si só é surpreendente, para falar de política, religião, feminismo, machismo, História, independência feminina e amor. O livro foi escrito durante a pandemia do coronavírus, finalizado em março de 2020, e a escritora nos coloca frente a frente com situações e sentimentos que muitos viveram, e talvez ainda vivam. No entanto, ela fez desse isolamento compulsório mais uma oportunidade de presentear seus leitores. E pelo que sei, não é seu único trabalho durante a pandemia, estou ansiosa para ler o lançamento mais recente, Violeta, que também saiu pela Bertrand.
A chilena tem uma história de vida marcada por muitas dores, sendo a pior delas a morte da filha ainda muito jovem, aos 28 anos, em 1992. A perda de Paula deixou feridas profundas, mas Isabel seguiu adiante, até mesmo como forma de homenagear a filha. Muitas de suas ideias e desejos foram colocados em prática por meio de iniciativas de Isabel, sem falar no livro Paula, publicado em 1994.
Mulheres de Minha Alma é uma homenagem a todas as mulheres que passaram pela vida de Isabel, em especial sua mãe e sua filha, mas também ela fala de outras que lhe inspiraram, desde escritoras a personagens políticas. Há citações sobre o trabalho de outras quase anônimas, mas que fizeram e ainda fazem a diferença na vida de muitas pessoas, especialmente adolescentes e crianças. Os relatos de Isabel Allende sobre estatísticas relacionadas a estupro, misoginia e preconceito de gênero são alertas para uma época em que a luta iniciada há muito tempo atrás poderia estar muito mais avançada.
Assim, Mulheres de Minha Alma também pode ser um alento, conforto, mas sobretudo inspiração para todas as mulheres, por isso recomendo este livro a amigas e a todas as que estão próximas a mim. Isabel pode ser inspiradora, não somente por sua história pessoal, mas também pelas histórias das mulheres que cita neste livro. Uma leitura necessária, porque é capaz de inspirar. E como ainda precisamos disso!
Jornalista/ Aline Pires
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