Estudo realizado por laboratório licenciado pela Fepam afasta possibilidade de morte de peixes em dezembro do ano passado ter sido causada por esgoto doméstico de cidades da região.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
Foi mesmo o despejo ilegal de produtos tóxicos a causa da mais recente mortandade de peixes no Rio dos Sinos. Pelo menos é o que aponta análise contratada pela Prefeitura de Novo Hamburgo.
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A Secretaria de Meio Ambiente – Semam recebeu nesta quinta-feira, dia 13, os resultados do estudo sobre água coletada no dia 01 de dezembro de 2010, quando milhares de animais apareceram mortos no curso do rio entre os municípios de Sapiranga e São Leopoldo.
O trabalho foi realizado por um laboratório licenciado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler – Fepam e apontou para a presença elevada de elementos químicos utilizados em produtos agrícolas, como o Ferro (Fe), Magnésio (Mg), Potássio (K), além de brometos, cloreto, nitrogênio amoniacal e nitritos. Também foram encontrados os seguintes compostos ativos, caracterizados como pesticidas: Aletrina, Simazina, Clomazona e Spirodiclofen.
MUTAGÊNESE – Com a análise biológica dos peixes feita em 21 de dezembro pela Semam constatou-se, ainda, que houve quebra no material genético (cromossomos) e lesões no fígado e nas brânquias. O conjunto de danos verificados indica uma possível origem associada ao pico de Manganês (Mn), identificado pela Comusa – Serviços de Água e Esgotos de Novo Hamburgo no dia do acidente ambiental.
A análise laboratorial da água confirma as conclusões tiradas da análise biológica. “Estes compostos encontrados em grandes concentrações causam nos peixes as lesões constatadas, além de alterações no comportamento, também evidenciadas em dezembro”, explica Carlos Normann, biólogo da Semam.
Semam contesta
Ministério Público
Para o secretário de Meio Ambiente, Ubiratan Hack (foto), não restam dúvidas quanto à causa da mortandade. “Comprovamos que o acidente ambiental foi provocado por um lançamento de substâncias altamente tóxicas, de origem agrícola.”
O estudo contratado pela Prefeitura de Novo Hamburgo é reação às indicações iniciais do Ministério Público, que definem o esgoto doméstico não tratado como o único causador do problema. “Foram empenhados quase R$ 5 mil em levantamentos analíticos para comprovar uma forte constatação que deveria ter sido aprofundada pelos órgãos estaduais competentes”, argumenta Hack.
O laudo final, produzido pela equipe técnica da Semam, contém a análise biológica, laboratorial e a pesquisa e interpretação de dados, e será encaminhado ao Ministério Público, Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DEMA), Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) e à Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (FEPAM).
“Este trabalho reforça o pedido de socorro que o Rio dos Sinos está fazendo. Há a necessidade imediata de ações técnicas qualificadas, que o Estado deve fazer para dar uma satisfação à opinião pública, não somente simplificar problemas como este”, conclui o secretário de Meio Ambiente.
Entenda o caso
Na manhã 01 de dezembro do ano passado, Secretária de Meio Ambiente hamburguense foi informada de que peixes estavam aparecendo mortos ou agonizando em uma área próxima a divisa da cidade com São Leopoldo. Equipes de Novo Hamburgo e São Leopoldo foram até o local.
Enquanto biólogos realizaram o recolhimento de algumas espécies e da água para encaminhar à análise, um grupo percorreu de barco os trechos impactados, onde apareciam quantidades expressivas de peixes nas mesmas situações.
Na divisa dos municípios de Sapiranga e Campo Bom, foi constatado um escoamento de efluente de uma lavoura de arroz e registrados relatos sobre um forte cheiro sentido na localidade, provavelmente associado a algum produto agroquímico. O efluente formava uma mancha que percorria o rio no sentido oeste, na mesma direção em que os peixes eram encontrados mortos. A Semam deu início, então, às análises biológicas e laboratoriais.
Informações de Imprensa Prefeitura de Novo Hamburgo
FOTO: divulgação / PMNH