O engenheiro aeronáutico e criador do avião gaúcho que chegou a ser exportado para o mundo, Claudio Barreto Viana, morreu aos 90 anos. Viana faleceu na madrugada da quinta-feira (8), no mesmo dia da morte da Rainha Elizabeth II.
Viana havia sido internado na quarta-feira (7), após se sentir mal onde residia, em Novo Hamburgo. Segundo a filha do engenheiro, Maria Alice, ele faleceu no Hospital da Unimed, na cidade. “Nosso guerreiro cansou e descansou. Um brinde a ele que adorava uma festa e se foi uns dias antes da sua festa de 91 anos”, postou a filha em seu Facebook, ao comunicar a partida do pai. O engenheiro completaria mais um ano em 11 de setembro.
“Ele estava contando os dias para fazer uma “borracheira” como ele dizia. Festa e bebida. Ele adorava comemorar os aniversários”, recorda Maria Alice. O engenheiro tinha mais um filho, Claudio Roberto, e três netos.
Viana fundou a empresa Aeromot, que tinha seu parque industrial na Zona Norte de Porto Alegre, onde foram desenvolvidos e fabricados modelos de motoplanadores usados por segmentos de segurança, para treinamento militar e para aviação privada, como aeroclubes, inclusive com unidades vendidas a diversos países, como os Estados Unidos, para uso privado e treinamento de pilotos da Força Aérea norte-americana.
Dois dos seus aviões ficaram muito conhecidos, o primeiro deles o Ximango, criado no fim da década de 1980. Outro era o Guri. A empresa foi uma das precursoras na estruturação do setor e também chegou fabricar componentes de aeronaves para fabricantes, como a Embraer e do exterior, e prestou serviços para a gaúcha Varig, que não existe mais.
Em 2007, Viana vendeu a Aeromot Aeronaves e Motores S/A para um grupo de Belo Horizonte. Este mesmo grupo anunciou este ano a construção de uma fábrica no Estado.
“O engenheiro Viana, como era chamado, foi um grande empreendedor que alavancou a indústria aeronáutica no RS através do Grupo Aeromot, que atuava nas áreas de manutenção, produção de componentes aeronáuticos e na produção de componentes aviônicos”, reconheceu, por nota, a AEL.
Viana tem uma trajetória singular. Ele fez parte da primeira turma de engenheiros aeronáuticos formados no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), em 1950. Antes de montar seu próprio negócio, o precursor do ITA foi diretor de manutenção da Varig.
Foi para um livro que a empresa israelense está produzindo que o “engenheiro Viana” deu o que deve ter sido um dos seus últimos depoimentos e que estará no livro “Construindo o futuro da Defesa”, sobre os 40 anos da AEL Sistemas, a ser lançado no fim deste ano.