Imortal gaúcho da Academia Brasileira de Letras faleceu na madrugada de domingo devido à falência múltipla dos órgãos. Governador Tarso Genro decretou luto oficial no RS.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
Familiares e amigos prestaram as últimas homenagens ao escritor e médico Moacyr Scliar na manhã desta segunda-feira, dia 28, em cerimônia fechada.
Os atos fúnebres ocorreram no Cemitério do Centro Israelita, em Porto Alegre. Scliar morreu na madrugada de domingo, 27, devido à falência múltipla dos órgãos no Hospital de Clínicas, onde havia realizado uma cirurgia para a retirada de um pólipo intestinal. Quando se recuperava do procedimento, sofreu um Acidente Vascular Cerebral – AVC, em 17 de janeiro.
A morte de Scliar teve repercussão em diversas esferas da sociedade brasileira. A Academia Brasileira de Letras, na qual ocupava a cadeira número 31 desde 2003, decretou luto, assim como o governador Tarso Genro. O secretário estadual de Cultura, Luiz Antônio de Assis Brasil, também lamentou a morte: “Era um escritor completo”, definiu.
A presidente da República, Dilma Rousseff, afirmou que recebeu com muito pesar a notícia da perda do escritor. Para ela, “Scliar foi um ícone da literatura gaúcha, brasileira e latino-americana”. Entre as personalidades que foram ao cemitério estão o escritor Luis Fernando Verissimo, o senador Pedro Simon e o ex-prefeito José Fogaça.
BIOGRAFIA – Moacyr Jaime Scliar nasceu em 23 de março de 1937, no hospital da Beneficência Portuguesa, em Porto Alegre. É o filho mais velho do casal José e Sara Scliar que chegou ao Brasil em 1904, vindo da Bessarábia, na Rússia.
Em 1943, começou os estudos na Escola de Educação e Cultura, onde sua mãe chegou a lecionar. Em 1948, transferiu-se para o Colégio Rosário. Sete anos mais tarde, ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Ufrgs, onde se formou em 1962. Especialista em Saúde Pública e Doutor em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública, exerceu a profissão junto ao Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência – Samdu.
Casou-se, em 1965, com Judith Vivien Olivien, com quem tem um filho, Roberto. Foi professor visitante na Brown University (Department of Portuguese and Brazilian Studies) e na Universidade do Texas (Austin), nos Estados Unidos.
Seu primeiro livro, publicado em 1962, foi Histórias de Médico em Formação, contos baseados em sua experiência como estudante. Scliar é autor de outras 73 obras em vários gêneros: romance, conto, ensaio, crônica, ficção infanto-juvenil. Os trabalhos foram publicados em muitos países: Estados Unidos, França, Alemanha, Espanha, Portugal, Inglaterra, Itália, Rússia, Tchecoslováquia, Suécia, Noruega, Polônia, Bulgária, Japão, Argentina, Colômbia, Venezuela, Uruguai e Canadá.
Desde a década de 1970, é colaborador da Folha de S. Paulo e, há cerca de 15 anos, é cronista do jornal Zero Hora, onde escreve sobre medicina, literatura e fatos do cotidiano.
O médico e escritor é o sétimo ocupante da Cadeira nº 31 da Academia Brasileira de Letras. Ele foi eleito em 31 de julho de 2003, na sucessão de Geraldo França de Lima e recebido em 22 de outubro de 2003 pelo acadêmico Carlos Nejar.
Informações de Correio do Povo
FOTO: reprodução / Adriana Franciosi – ClicRBS