Daniel Harrison, de 6 anos, é autista e havia desenvolvido fobia quando era bebê, desde quando se alimentava por tubos.
Da Redação redaçã[email protected] (Siga no Twitter)
Kevin Harrison viveu os piores dias de sua vida ao ver seu filho Daniel definhando, com pavor de alimentos e bebidas. Acredita-se que Daniel, hoje com 6 anos, tenha desenvolvido a incomum fobia por sofrer de refluxo gástrico, que lhe causava dor no peito e náuseas.
Quando o menino era bebê, a ingestão de leite materno neutralizava a acidez no esôfago, mas o problema se tornou sério quando ele começou a ingerir alimentos sólidos.
“Por uma semana, mais ou menos, ele comeu purê e um pouco de arroz. Mas, depois que começou a vomitar, o tempo todo se recusava a comer ou beber”, disse Kevin Harrison.
Ele acredita que o filho, que também sofre de autismo, provavelmente tinha consciência de que beber e comer estavam fazendo mal para ele, mas não conseguia explicar isso para os pais. Daniel então ficava histérico e feria a si mesmo. A solução encontrada foi começar a alimentá-lo por tubos inseridos no estômago.
Interesse da TV
A situação de Daniel começou a melhorar há dois anos, depois que a família do garoto arrecadou cerca de 25 mil libras (R$ 81,7 mil) para que ele pudesse fazer um tratamento em uma clínica especializada na cidade de Graz, no sudeste da Áustria.
Depois de uma primeira passagem pela clínica, Daniel passou a tolerar alimentação líquida via oral. Só isso já foi considerada uma grande evolução, e Kevin quis que seu filho voltasse à Áustria para continuar o processo.
O tratamento, desenvolvido com o objetivo de incentivar Daniel a aceitar líquidos e alimentos sólidos, é uma mistura de fisioterapia, terapia ocupacional, piqueniques de brincadeira e natação – para que o menino se acostume com água no rosto e na boca. Um único erro poderia colocar por água abaixo todo o tratamento e levar tudo à estaca zero.
O sistema público de saúde britânico aceitou pagar 6 mil libras (R$ 19,6 mil) pela continuidade do tratamento. Sua família, porém, ficou encarregada de pagar os voos e a hospedagem.
Colheres
No primeiro dia de volta a Graz, em 13 de agosto do ano passado, a família Harrison foi filmada por uma equipe de televisão alemã, tal o interesse internacional pela história de Daniel.
Os médicos já haviam percebido que o menino não tinha apenas medo de comida, mas também de colheres. Contudo, na frente das câmeras de TV, ocorreu um pequeno “milagre”.
A terapeuta de Daniel, Eva Kirschnick, ficou fazendo cócegas no menino com uma colher. “Ela então começou a alimentá-lo com leite misturado com mingau de arroz, e ele comeu um pouco”, contou Kevin.
“Depois, ela ofereceu a Daniel um pirulito de chocolate, e ele mordeu e arrancou um pedaço. Em quase 6 anos de vida, essa foi a primeira vez que ele mordeu alguma coisa.”
“Não conseguimos acreditar no que estávamos vendo, não havia mais gritos, ele machucando a si mesmo, fazendo escândalo. Choramos de emoção.” Kirschnick, descrita como um “gênio” por Kevin Harrison, virou madrinha de Daniel e até visitou a família, que vive na cidade de Nottingham, na Inglaterra. Daniel continua evoluindo e agora come comidas pastosas com pedaços sólidos e bebe líquidos com uma xícara.
“Quero conscientizar as pessoas e ajudar as famílias na mesma situação”, disse Kevin . “Não tínhamos ninguém e nos sentíamos sozinhos, já que o problema (de Daniel) é raro. Mas as coisas estão melhores agora.”
Informações de Portal G1
FOTO: reprodução / portal g1