Sábado! Seis horas da manhã, abrindo a janela do pequeno chalé, que dava de frente à casa da vó Anna – Anna com dois “enes”. O frio do inverno, meio chuvoso, grito um bom dia bem alegre para a vó. Ela com um olhar bem desconfiado, com as marcas do tempo em seu rosto, já não enxergava mais como antes, mas a voz de sua neta nunca esquecia. Devolvendo um bom dia muito generoso! Bom dia, Herta, minha netinha preferida, vem para cá, vou te fazer um café e depois vamos junto na loja. Preciso comprar algo muito importante e preciso da tua ajuda.
Troquei de roupa, coloquei meu chinelinho, peguei minha sombrinha e atravessei a rua ao encontro dela. Logo ao chegar na porta, vó Anna manda tirar os chinelos para não sujar seu piso de madeira, que havia passado cera e ilustrado. Tomamos um bom café com leite e seguimos em direção ao centro da cidade pela estrada de chão batido. As duas em uma só sombrinha… e lá vamos nós em busca da compra da vó Anna. Ao chegar em uma das lojas mais tradicionais da cidade – a Loja Fleck! E quem nos recebe com um chimarrão na mão é a dona Leony, uma senhora simpática e sorridente.
Anna sempre bem determinada já se direciona ao local das roupas de dormir. Pediu o pijama mais caro da loja, lindo, azul com flores coloridas. A gola bem fechadinha, manga longa com detalhes nos punhos. Ao voltarmos para casa, fomos direto ao quarto da vó, ela abre o armário e eu percebo que em seu interior há pelo menos mais dois pijamas!
Então pergunto: “Vó, porque você comprou mais um pijama, se já tens dois no armário?” Ela respira fundo, olha para mim com um olhar belo e realizado e responde: “Um pijama é para o dia de semana e o outro para sábados e domingos.” “E o que a senhora comprou hoje?” “Este vou guardar para quando eu ficar doente e tiver que dormir no hospital!”
Muitos já me perguntaram se ela chegou a usar… A resposta…
Um cemitério na natureza
Por: Marina Marques Klein, diretamente de Trier, na Alemanha
Oi, Herta! Hoje eu quero compartilhar contigo uma curiosidade bem diferente. Aqui na Alemanha existem florestas que servem como cemitérios. Porém, esses cemitérios não possuem túmulos ou lápides.
As pessoas são cremadas e enterradas aos pés das árvores, e quando olhamos de fora só vemos a majestosa natureza.
As árvores recebem o nome dos falecidos em uma plaquinha de madeira, porque é completamente proibida a utilização de algum material que não seja natural.
Logo na entrada do cemitério, existe um mapa com o número das árvores, e ali você pode encontrar a quem você procura.
Eu acho essa uma ideia linda e muito diferente, uma nova forma de ver e honrar essa passagem da vida.
E vocês, já conheciam?