Empresário e presidente da ACISA, Luiz Paulo Grings fala sobre sua trajetória de trabalho, a importância das entidades empresariais e o legado de uma tradição familiar marcada pela cooperação e liderança comunitária.
De raízes rurais e espírito comunitário, Luiz Paulo Grings, empresário e presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Sapiranga (ACISA), construiu uma trajetória que reflete o próprio DNA do Vale Germânico: trabalho, fé, associativismo e inovação. Natural de Taquara, criado em Rolante e radicado há mais de 40 anos em Sapiranga, ele carrega o legado de uma família que ajudou a fundar as primeiras cooperativas de crédito do Brasil — entre elas a Sicredi Pioneira, em Nova Petrópolis. Hoje, à frente de sua empresa Grinsul Importadora, que representa a marca internacional Greenfix, e da ACISA, Grings defende o protagonismo das lideranças locais e o fortalecimento da união entre poder público e iniciativa privada.
Das origens rurais à vida empresarial
“Minha formação é rural e militar”, resume Luiz Paulo, ao contar que cresceu na roça ajudando o pai, produtor de leite e plantador de fumo para a Souza Cruz. “Desde os dois, três anos, eu já estava dado a serviço. Foi uma infância difícil, mas muito rica em aprendizado e valores.”
A família de origem germânica, com antepassados que chegaram da Alemanha no século XIX, moldou o caráter de disciplina e comprometimento que ele leva para a vida profissional. “Tempos difíceis formam pessoas fortes”, reflete.
Após os 18 anos, ingressou na Força Aérea Brasileira, experiência que considera determinante para sua visão de mundo. “A vida militar me ensinou a disciplina, a pontualidade e a responsabilidade com os outros — lições que uso até hoje na vida empresarial e no associativismo.”
Uma jornada de trabalho e aprendizado
Antes de se consolidar como empresário, Grings acumulou experiências em empresas de diferentes segmentos. Atuou na Metalúrgica Altero, na FCCM Campo Bom, na Prefeitura de Sapiranga, na Inject, na Kepler Weber, na Rádio União FM, na Comtel Telecomunicações e na Carburgo Taquara.
Essa trajetória multifacetada, que inclui passagens por áreas técnicas, administrativas e comerciais, deu a ele uma visão ampla sobre gestão e negócios. “Cada lugar foi uma escola. Tudo o que aprendi, da roça à indústria, moldou o profissional e o cidadão que sou hoje.”
Casado com Giane e pai de Caroline Mayara e Carla Fernanda, ele define a família como seu alicerce e inspiração para continuar contribuindo com a cidade e a região.
O empresário da Grinsul e o “rei do velcro”
Em 2022, Luiz Paulo Grings fundou a Grinsul, empresa voltada à importação e distribuição de fechos de contato (velcro) — produto que não possui fabricação na América do Sul. “Eu já tinha trabalhado com o produto antes e vi a oportunidade de empreender. Hoje importo da Ásia, com marca própria registrada no INPI: Greenfix. É um produto de ponta, usado em setores como o calçadista, automotivo, militar, ortopédico e esportivo.”
O empreendedor destaca que aposta em qualidade e identidade regional. “O mapa do Rio Grande do Sul está impresso nos rolos da marca. É uma empresa gaúcha que fala com o mundo.”
A experiência o levou a percorrer as Américas — do Canadá ao Chile — em feiras e eventos do setor. “Conheci praticamente todas as capitais e polos produtivos do continente. A pandemia transformou as relações comerciais, mas também deu credibilidade às reuniões virtuais. Hoje se faz negócio com um clique, e isso é positivo — economiza tempo e amplia conexões.”
O associativismo como legado
Luiz Paulo Grings carrega no sangue o associativismo. Seu trisavô Johann Grings foi um dos fundadores da Sicredi Pioneira, em Nova Petrópolis; seu bisavô ajudou a criar a Sicredi Rolante; e o pai participou da fundação da Caprol e do Sindicato Rural de Rolante, doando inclusive o terreno para a sede.
“Eu digo sempre: somos a soma de todos os nossos ancestrais. Esse legado de cooperativismo é o que me move”, afirma.
Morando em Sapiranga desde 1983, ele foi convidado a ingressar no Rotary Club em 2006, onde exerceu funções de presidente e governador assistente. A partir daí, envolveu-se em diferentes entidades, até assumir a presidência da ACISA.
“Já são quase 14 anos dedicados ao associativismo. Entendo que é um trabalho voluntário, mas essencial. Não tem CNPJ forte com CPF fraco. Onde há uma liderança comprometida, a entidade cresce. O associativismo é uma forma de servir à comunidade.”
O papel das entidades e o compromisso com a comunidade
Para o empresário, liderar uma entidade como a ACISA é uma tarefa que exige responsabilidade e credibilidade. “As pessoas às vezes não percebem, mas quem assume uma associação coloca seu CPF à disposição. Responde civil, trabalhista e criminalmente pela instituição. É um gesto de coragem e de compromisso público.”
Ele cita exemplos de outras lideranças comunitárias, como o presidente do Hospital de Sapiranga, João Wolff, para destacar a importância de valorizar quem se doa pela cidade. “Essas pessoas merecem reconhecimento, porque dedicam tempo e arriscam o próprio nome em prol da coletividade.”
Durante sua gestão, Grings buscou aproximar ainda mais a ACISA do poder público municipal, estabelecendo parcerias com a Prefeitura, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil e Conselhos Municipais. “Quando o diálogo é transparente, todos ganham. A entidade precisa ser ponte entre o empresário e o poder público.”
Sapiranga e o Vale Germânico unidos pelo desenvolvimento
Além da ACISA, Luiz Paulo Grings é diretor do Sindilojas Vale Germânico, diretor regional da Federasul e presidente do COMDEMA, o Conselho Municipal de Meio Ambiente e Saneamento. Ele acredita que o fortalecimento das entidades é a base para o desenvolvimento regional.
“Quando um empresário tem um problema isolado com o governo, é difícil resolver. Mas quando a causa passa por uma entidade, ganha peso. E a dor dele nunca é só dele — é a dor de muitos outros. Por isso, a união é fundamental.”
Ele reforça o papel das associações na articulação política e social: “O diálogo com o poder público precisa ser equilibrado. Temos que cooperar, mas também cobrar. O setor produtivo é o motor da cidade — e precisa ser ouvido.”
O desafio da renovação
Um dos temas que mais preocupa o dirigente é a falta de renovação geracional nas entidades. “Os jovens precisam se engajar. Muitas comunidades estão perdendo suas associações, capelas e grupos por falta de pessoas dispostas a assumir responsabilidades. É preciso despertar o senso de pertencimento e liderança nas novas gerações.”
Ele acredita que o exemplo ainda é a principal ferramenta de inspiração. “Quando as pessoas veem uma entidade atuante, bem representada, elas se aproximam. É assim que o associativismo se renova: pelo exemplo e pela credibilidade.”
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Um olhar para o futuro
Mesmo à frente de tantos compromissos, Luiz Paulo Grings não descarta uma futura atuação política. “Não está nos meus planos agora, mas também não está proibido. Se um dia for chamado e fizer sentido para a comunidade, por que não? A política é uma forma de continuar servindo, como sempre fiz nas entidades.”
Por ora, o foco está em fortalecer seus negócios e seguir contribuindo com o associativismo. “Meu propósito é continuar ajudando a construir uma Sapiranga melhor, com oportunidades e união. É isso que aprendi com meus antepassados e é isso que quero deixar para os que virão depois.”
