Com a proporção de cerca de cinco votos a favor para cada um contra, foi estabelecido o resultado do plebiscito de 20 de dezembro de 1953, que se deu início de forma oficial à emancipação política e econômica de Sapiranga. Então, há exatos 69 anos, neste mesmo dia 28 de fevereiro, em 1955, o território era desmembrado de São Leopoldo e conquistava sua independência.
Mesmo com a emancipação conquistada apenas em meados da década de 1950, o município carrega consigo tradições centenárias. Tradições essas vindas das colonizações alemã e portuguesa e também dos povos nativos das terras do Morro Ferrabraz. ?Com a chegada dos imigrantes, aquelas terras se desenvolveram como distrito de São Leopoldo até chegarem ao ponto de almejar sua emancipação. Daquela Sapiranga com cerca de 12 mil habitantes até a de hoje, com mais de 80 mil, muitas coisas mudaram.
A Sapiranga dos tempos modernos valoriza suas tradições e se desenvolve para o que vem pela frente. E sem dúvida, uma das ferramentas de preparação de uma sociedade para o futuro é a educação. Através de uma parceria com o Senai, a prefeitura realiza o programa Vocações Profissionais, que prepara estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental da rede municipal para o mercado de trabalho.
Para a capacitação profissional daqueles que entram no mercado de trabalho, o poder público também capacita os educadores. “Em 2023, capacitamos cerca de 150 professores da rede para o desenvolvimento de ações pedagógicas que estimulam o raciocínio lógico e o trabalho cooperativo. Foram adquiridos 370 kits de robótica, ferramentas que auxiliam na iniciação científica e na lógica de programação”, conta a prefeita de Sapiranga, Carina Nath.
A fruta vermelha que deu nome à cidade
No final do século 18, Sapiranga deixou de ser parte do 4º Distrito de São Leopoldo para ser vila e sede do 5º Distrito. Foi aí que teve início a construção da então Ferrovia Novo Hamburgo-Taquara, inaugurada em 1903, ampliando o transporte que até então era feito por barcos, cavalos e os antigos lanchões. Com a ferrovia, Sapiranga recebeu um novo impulso e, ao longo da estrada de ferro, se formaram povoados como Araricá e Campo Vicente. Foi nessa época que surgiu o nome da cidade.
O nome veio por conta do termo indígena araçá pyranga, que significa a fruta araçá vermelha. Os moradores pronunciavam a fruta como ‘a-ça-piranga’. Esta fruta ainda existe em quantidade significativa nos capões do Kraemer-Eck. A denominaentão era feito por barcos, cavalos e os antigos lanchões. Com a ferrovia, Sapiranga recebeu um novo impulso e, ao longo da estrada de ferro, se formaram povoados como Araricá e Campo Vicente. Foi nessa época que surgiu o nome da cidade. ção de Sapyranga — como era escrito no início — teria surgido pela primeira vez nesta região, segundo historiadores.
Mais um impulso no desenvolvimento foi a chegada da energia elétrica em 1935. A economia se diversifica: 76 casas comerciais e 148 estabelecimentos industriais. Na década de 1940, ocorre um desenvolvimento maior na indústria de madeira e de calçados e, no ano de 1946, começa a funcionar a primeira linha de ônibus pertencente a Braum e Cia, em um novo impulso nos transportes da região e a migração das estradas férreas para estradas de veículos automotores. A partir do surgimento de novas fábricas houve a ampliação do mercado de trabalho local. Com isso, a população triplicou, contribuindo para o crescimento da ideia de emancipação.
Com a criação da Comissão de Emancipação, em 1948, se tem efetivamente início o movimento emancipacionista, buscando a independência política e econômica de Sapiranga através do desmembramento de São Leopoldo. Com menos de 12 mil pessoas, o número de habitantes ainda era insuficiente. Então, a organização apelou aos habitantes dos distritos de Picada Hartz e Campo Vicente, que hoje pertencem a Taquara. Assim, Sapiranga cumpria com todas as exigências previstas em lei para se emancipar.
União de entidades em prol do desenvolvimento
Assim como o poder público, a iniciativa privada caminha lado a lado com o desenvolvimento do município. As entidades acolhem e amparam o empresário no desafio de empreender. Confira, a seguir, a fala dos representantes de algumas das entidades que fazem a diferença em Sapiranga.
Sindilojas
Para Gerson Müller, presidente do Sindilojas Novo Hamburgo, cuja base de cidades inclui Sapiranga, o comércio varejista da Cidade das Rosas está sempre em desenvolvimento. “O setor é um dos principais geradores de empregos do município e as micro e pequenas lojas, de administração familiar, têm no DNA o relacionamento com o cliente. É desse jeito que o setor caminha rumo ao futuro. E, assim, cada vez mais colaborando e participando no crescimento econômico local”, salienta.
CDL
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Sapiranga desempenha um papel essencial no desenvolvimento econômico e social da cidade. De acordo com Ademir Gerson Deitos, presidente da entidade, é um orgulho ver o crescimento da cidade. “Na celebração dos 69 anos de nosso município de Sapiranga, como representante do setor de comércio e serviços, a entidade se orgulha em promover a integração e o fortalecimento dos empresários locais, incentivando o crescimento O sapiranguense também é um povo que festeja. É no Parque Municipal do Imigrante onde ocorrem algumas
das principais celebrações da região. Um desses momentos em que toda a região volta os olhos a Sapiranga, sem dúvida, é durante a Festa das Rosas. Com shows nacionais, de bandas locais e muita celebração da cultura alemã, a tradicional festa teve em 2023 sua 38ª edição, quando bateu todos os recordes de público e reuniu mais de 160 mil pessoas no local. “A partir dos resultados, conseguimos projetar a 39ª Festa das Rosas para que corresponda às expectativas dos visitantes, comunidade e também As festas no Parque Municipal do Imigrante colaboradores”, explica a secretária municipal de Turismo, Cultura e Desporto, Roberta Rothen, sobre a próxima edição da Festa das Rosas — que já tem data confirmada e será de 9 a 17 de novembro deste ano. O Parque do Imigrante também reúne multidões todos os anos para o Acampamento Farroupilha. Somente na edição de 2023, mais de 80 mil pessoas celebraram as tradições gaúchas por lá. Com show de César Oliveira & Rogério Melo, Chiquito e Bordoneio e Tchê Guri para animar a gurizada dos 83 piquetes, as comemorações duraram 20 dias sob a bandeira riograndense de 13 metros. sustentável e a geração de empregos na região”, afirma. Para ele, cabe ressaltar que ao longo das últimas décadas, a cidade tem experimentado um notável desenvolvimento e percebido uma sensível mudança no perfil econômico. “O crescimento do setor de comércio e serviços absorveu uma boa parte da mão de obra de um segmento que, no passado, era predominante em Sapiranga, que foi a indústria calçadista”, observa
Hoje, a CDL Sapiranga investe na qualificação profissional por meio de palestras e eventos como o Seminário Desafios e Oportunidades, envolvendo empresários e colaboradores para se manterem atualizados com as tendências do mercado trazidas por grandes nomes do estado e nacionais em diferentes áreas. Além disso, a Expo Sapiranga proporciona oportunidades de negócios e networking, enquanto a Temporada Premiada incentiva o comércio local, fortalecendo a economia da região.
“Com essas e outras iniciativas, a CDL Sapiranga projeta um futuro de prosperidade e sucesso para a cidade, promovendo o crescimento sustentável e a valorização do empreendedorismo local”, destaca Deitos.
Acisa
Para Luiz Paulo Grings, presidente da Acisa, a cidade de Sapiranga é feita por um povo trabalhador e aguerrido. “A nossa entidade é uma entidade empresarial, uma entidade de negócios, e a mesma é composta de voluntários. Toda diretoria é voluntária, nós emprestamos o nosso CPF para fortalecer o CNPJ. Ou seja, não tem CNPJ forte com CPF fraco. Nós emprestamos o nosso nome, o nosso caráter, a nossa eficiência, a nossa visão, o nosso sentimento, o nosso patriotismo, o nosso sentimento de fazer a coisa certa para as entidades e empresas a quais nós representamos, sejam elas entidades onde prestamos serviço voluntário ou sejam elas nossas empresas”, destaca.
Grings explica que a Acisa está hoje em Sapiranga, Araricá e Nova Hartz. “Nós estamos muito bem posicionados em termos de logística, temos uma rodovia na nossa porta. Somos um povo trabalhador, aguerrido, e Sapiranga está inserida dentro do maior polo calçadista da região. Isso fortalece a cidade, fortalece a região, fortalece o estado e o país. Além deste setor, nossa economia é diversificada. Nós diversificamos, a cidade diversificou tanto no comércio, na indústria, no serviço, os profissionais liberais, a nossa pecuária, a nossa agricultura é forte. Ou seja, dentro dessa diversificação, sapiranga cresce, sapiranga é forte e ela se projeta de uma forma extraordinária para o futuro”, comemora.
As festas no Parque Municipal do Imigrante
O sapiranguense também é um povo que festeja. É no Parque Municipal do Imigrante onde ocorremalgumas das principais celebrações da região
Um desses momentos em que toda a região volta os olhos a Sapiranga, sem dúvida, é durante a Festa das Rosas. Com shows nacionais, de bandas locais e muita celebração da cultura alemã, a tradicional festa teve em 2023 sua 38ª edição, quando bateu todos os recordes de público e reuniu mais de 160 mil pessoas no local. “A partir dos resultados, conseguimos projetar a 39ª Festa das Rosas para que corresponda às expectativas dos visitantes, comunidade e também As festas no Parque Municipal do Imigrante colaboradores”, explica a secretária municipal de Turismo, Cultura e Desporto, Roberta Rothen, sobre a próxima edição da Festa das Rosas — que já tem data confirmada e será de 9 a 17 de novembro deste ano.
O Parque do Imigrante também reúne multidões todos os anos para o Acampamento Farroupilha. Somente na edição de 2023, mais de 80 mil pessoas celebraram as tradições gaúchas por lá. Com show de César Oliveira & Rogério Melo, Chiquito e Bordoneio e Tchê Guri para animar a gurizada dos 83 piquetes, as comemorações duraram 20 dias sob a bandeira riograndense de 13 metros.
Desenvolvimento econômico passa pela inovação
Uma pauta sempre importante quando se fala do futuro é o desenvolvimento econômico. Sapiranga, como grande parte das cidades do Vale do Sinos, já teve sua matriz econômica no setor coureiro- -calçadista. Com os desafios proporcionados pelo avanço do mercado, o município olha para frente e se movimenta no cenário, com a criação do Fly.Hub e a ampliação do Sapiranga Summit, que neste ano ocorre entre os dias 6 e 8 de junho.
Para falar sobre este momento, o jornal O Vale conversou com o atual secretário do Desenvolvimento de Sapiranga, Jeferson Pinheiro. Confira a entrevista completa a seguir:
Como tem sido lidar com os desafios à frente da pasta?
Lidar com os desafios à frente da pasta tem sido uma tarefa desafiadora, mas também gratificante. Nossa equipe tem trabalhado incansavelmente para enfrentar as questões emergentes e implementar políticas que beneficiem a comunidade.
Recentemente, duas grandes redes de supermercado se instalaram no município. Como foi o processo e quais os diferenciais da cidade para receber as empresas?
O processo de instalação das duas grandes redes de supermercado foi fruto de um trabalho conjunto entre a administração municipal e os empresários envolvidos. A cidade de Sapiranga oferece diferenciais significativos, como infraestrutura, localização estratégica, mão de obra qualificada, entre outros que foram cruciais para atrair essas empresas e fortalecer a economia local.
Sapiranga já foi reconhecida como a maior exportadora de calçados femininos do Brasil. Que marca a administração pretende deixar que melhor posicione a cidade?
A administração visa deixar uma marca de inovação e diversificação econômica que consolide Sapiranga como um polo de desenvolvimento sustentável. Buscamos promover investimentos em setores Desenvolvimento econômico passa pela inovação estratégicos, além de apoiar iniciativas que valorizem a tradição da indústria do calçado, ao mesmo tempo em que exploramos novas oportunidades de crescimento econômico.
Em relação à criação de empregos, Sapiranga aparece sempre entre as principais cidades da região. Qual o caminho para esses números positivos?
A criação consistente de empregos em Sapiranga é resultado de uma abordagem abrangente, que inclui parcerias com o setor privado, estímulo à educação e sobretudo capacitação profissional, como nossa escola do sapato e cursos profissionalizantes que implantamos. A diversificação econômica e a promoção de setores emergentes têm sido estratégias fundamentais para manter e ampliar a oferta de empregos na região.
Sobre o Sapiranga Summit e o Fly.Hub, o que podemos esperar para 2024?
Para 2024, estamos empolgados com o crescimento contínuo do Sapiranga Summit e do Fly.Hub. Pretendemos ampliar ainda mais esses eventos, atraindo renomados palestrantes, fomentando a inovação e proporcionando oportunidades de networking. Estamos comprometidos em posicionar Sapiranga como um centro de referência em tecnologia, empreendedorismo e inovação, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da cidade e da região.
Capital das Rosas e também do Voo Livre
Além de ser a Capital das Rosas, Sapiranga também é Capital do Voo Livre, graças aos voos de asa-delta e paraglider que partem diariamente do Morro Ferrabraz. Por coincidência, o mesmo morro, que em meados da década de 1960, motivou o professor Muniz Pacheco a intitular Sapiranga como Cidade das Rosas, serviu para que a partir do final da década seguinte o município se tornasse, também, a Capital do Voo Livre.
Quem trouxe o esporte para Sapiranga foi o policial rodoviário Pedro Gilberto, o “Chefia”, no ano de 1977. Ele conta que viu saltos no Rio de Janeiro e teve vontade de praticar também. Pioneiro, Gilberto construiu a primeira fábrica de asa-deltas do Rio Grande do Sul, em São Leopoldo, e fez o primeiro salto a partir do Morro Ferrabraz.
Anos após os primeiros saltos de asa-delta, surgem as decolagens com os paragliders, também conhecidos como parapentes. Com a modernização do esporte e dos equipamentos, hoje, em dias sem vento, um voo de paraglider chega na média dos 55 km/h, enquanto, na asa-delta, pode chegar aos 100 km/h.
Associação Gaúcha do Voo Livre
A AGVL foi uma das grandes responsáveis pela qualificação do esporte na região. Fundada em 1978, a Associação conta há dois anos com o apoio do governo do Estado por meio do Pró-Esporte RS. Com aporte por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, eles mantêm o projeto Equipe AGVL de Parapente que disputa competições estaduais, nacionais e internacionais.