Psicopatologia fez Marcelo Pesseghini ter delírios e confundir realidade. Lesão cerebral e jogos violentos contribuíram para crimes, diz documento.
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O laudo psiquiátrico sobre o perfil de Marcelo Pesseghini aponta que complicações de uma doença mental aliadas a fatores externos levaram o adolescente de 13 anos a matar toda a família e cometer suicídio em 05 de agosto em São Paulo.
De acordo com o documento, o estudante sofria de uma “encefalopatia hipóxica” (falta de oxigenação no cérebro) que o fez desenvolver um “delírio encapsulado” (tinha ideias delirantes). E que também foi influenciado por games violentos.
Assinado pelo psiquiatra forense Guido Palomba, o laudo compara essa perda da noção de realidade vivida por Pesseghini com a do personagem Dom Quixote. No livro, o personagem de Miguel de Cervantes y Saavedra começa ler romances e perde o juízo. Acredita que as histórias que leu foram reais e decide se tornar um cavaleiro andante e parte pelo mundo para viver seu próprio romance.
O laudo aponta que, durante uma complicação em um procedimento hospitalar aos 2 anos de idade, Marcelo ficou momentaneamente sem oxigênio no cérebro e sofreu uma lesão hospitalar. Após o ocorrido, Marcelo sofreu a encefalopatia e passou a ter delírios, inclusive na adolescência.
Games violentos
De acordo com o laudo, recentemente Marcelo confundiu ficção com realidade e quis se tornar justiceiro. Ele criou um grupo imaginário de assassinos de aluguel e passou a usar um capuz, tudo isso inspirado no personagem de um videogame violento. Para concretizar seu sonho, no entanto, era preciso eliminar alguns “obstáculos”: seus familiares superprotetores, de acordo com o laudo.
Depois disso, como seus amigos de escola não acreditaram que Marcelo assassinou a família e não quiseram fugir com ele, o psiquiatra avalia que ele se matou, “não por arrependimento, mas por fracasso”.
O documento, concluído na quarta-feira, dia 18, tem o objetivo de saber o que levou Marcelo a usar a pistola 40 da mãe para executar os pais, que eram policiais militares, a avó materna e a tia-avó, e se matar depois.
O laudo concluiu que “a motivação do crime foi psicopatológica”. O relatório já está com o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa – DHPP para ser anexado ao inquérito, que irá concluir que o adolescente matou a família e se suicidou. O prazo para a conclusão do inquérito já expirou e foi prorrogado até 5 de outubro – e poderá ser prorrogado novamente por mais 30 dias.
Informações de CP
FOTO: reprodução / TV Globo