“Freedom Flotilla” levava 10 mil toneladas de suprimento à Faixa de Gaza; autoridades israelenses culpam os ativistas pela violência.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
Comandos militares israelenses atacaram um comboio que levava ajuda à Gaza nesta segunda-feira, dia 31 de maio, e mais de 10 dos ativistas a bordo, a maioria estrangeiros, foram mortos.
O fim violento para a tentativa apoiada pela Turquia de romper um bloqueio imposto à Faixa de Gaza realizada por seis navios com cerca de 600 pessoas a bordo e 10 mil toneladas de suprimentos provocou condenação dentro e fora do Oriente Médio.
Enquanto a Marinha escoltava os navios para o porto israelense de Ashdod, os relatos da intercepção realizada no fim da madrugada seguiam incompletos. Fuzileiros navais invadiram os navios por botes e helicópteros. Israel disse que “mais de 10” ativistas morreram. A imprensa israelense falou em 19 mortos.
Ativistas x Fuzileiros
Autoridades israelenses disseram que os fuzileiros navais foram recebidos a tiros e que ativistas carregavam facas quando os militares chegaram aos navios, um deles de bandeira turca.
“Será um grande escândalo, não há dúvidas quanto a isso”, disse o ministro do Comércio israelense, Binyamin Ben-Eliezer, à Reuters.
O vice-chanceler israelense, Danny Ayalon, culpou os ativistas pela violência e os classificou de aliados dos inimigos islâmicos de Israel Hamas e Al Qaeda. Segundo Ayalon, se os ativistas tivessem chegado a seu destino, teriam aberto uma rota de contrabando de armas para Gaza.
Repercussão
O episódio provocou uma crise diplomática e acusações de “massacre” feitas por palestinos. A Organização das Nações Unidas – ONU condenou a violência contra civis em águas internacionais.
As mortes provocaram protestos nas ruas e a ira do governo turco, que apoiou o comboio. Ancara chamou de volta seu embaixador em Israel e o presidente da Turquia, Abdullah Gul, exigiu a punição dos responsáveis.
A União Européia pediu uma investigação sobre o episódio e França e Alemanha afirmaram estarem “chocadas”. O ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, delcarou: “tomaremos todas as medidas necessárias para evitar que esta tragédia provoque novas escaladas de violência”.
O porta-voz do governo da Alemanha, Ulrich Wilhelm, país que raramente critica Israel, disse que, à primeira vista, o ataque parece desproporcional.
O embaixador da Organização da Conferência Islâmica – OCI, Zamir Akram, disse que Israel “ignora leis internacionais” e condenou o ataque: “condenamos energicamente o ataque israelense aos navios que transportavam ajuda humanitária para Gaza, o que demonstra mais uma vez como Israel ignora a lei internacional e as decisões das Nações Unidas”.
O embaixador palestino nas Nações Unidas em Genebra, Ibrahim Jraishi, condenou fortemente o ataque israelense à frota humanitária. Já o grupo palestino Hamas, que governa a região da faixa de Gaza, chamou a ação de “crime contra a humanidade”.
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, chamou a ação israelense de “ato desumano do regime sionista”, informou a agência oficial Irna.
Bloqueio israelese
Há três anos Israel impôs um bloqueio à Gaza, região controlada pelo grupo islâmico Hamas.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse: “O que Israel cometeu a bordo do Freedom Flotilla foi um massacre”, disse. Ele declarou três dias de luto oficial pelos mortos. Não se cogita amenizar o bloqueio a Gaza, acrescentou.
Em comunicado, as Forças Armadas israelenses informaram que, além dos mortos, vários ativistas e cinco soldados ficaram feridos.
As interferências nos sinais de rádio realizadas por Israel e a censura militar impediram a apuração independente do que ocorreu no oceano.
A televisão turca mostrou um vídeo que aparentemente mostra um comando israelense descendo em uma corda e entrando em confronto com um homem carregando um porrete. Já a TV israelense mostrou imagens em que um ativista parece tentar esfaquear um soldado.
Ayalon disse que “os organizadores” da Frota da Liberdade – em referência à ONG turca IHH, um dos diversos grupos que participavam da iniciativa – têm “estreitos laços” com “organizações terroristas internacionais”, como a rede Al Qaeda.
Informações de Reuters e portal R7.
FOTO: reprodução / Marco Longari