Projeto aprovado por unanimidade na Câmara da Capital defende medida que já é aplicada em países europeus e cidades dos Estados Unidos.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
Aprovado por unanimidade na quarta-feira, dia 15, pela Câmara de Vereadores, projeto que torna obrigatório o ensino da história do Holocausto nas escolas municipais de Porto Alegre começará a ser implantado a partir do início do ano letivo de 2011.
“Nós ainda vivemos a sombra do Holocausto, uma sombra que não se dissipa e nunca se dissipará. É fundamental guardar esse período na memória, ainda que seja um dos mais pesados da história”, justificou o vereador Valter Nagelstein (PMDB), autor do projeto.
Com a adoção da proposta, Porto Alegre passa a ser a primeira cidade brasileira a oficializar o Holocausto como matéria curricular obrigatória. A medida já é adotada em países europeus e em várias cidades americanas.
Apesar da unanimidade, o projeto provocou polêmica. Doutor em psicologia escolar, o professor Fernando Becker criticou a imposição do ensino de qualquer conteúdo histórico específico. “Se formos privilegiar o Holocausto com força legal, amanhã aparecerão outros projetos para privilegiar a guerra do Vietnã, o 11 de Setembro, a guerra do Golfo, a guerra do Iraque, a Santa Inquisição, as ditaduras latino-americanas e a destruição do império inca”, disse.
Apoios
Entidades judaicas de Porto Alegre apoiaram a medida. Para a Federação Israelita do Rio Grande do Sul – Firgs, a aprovação do projeto beneficia todas as minorias étnicas. “Devemos enaltecer a medida, que servirá como um alerta sobre o perigo das ideologias racistas e totalitárias”, avaliou o presidente da Firgs, Henry Chmelnitsky.
O coordenador da assessoria pedagógica da Secretaria Municipal da Educação – Smed, Manoel Ávila da Silva, apoiou o projeto. Segundo ele, por trás dos chamados “temas transversais” está a discussão para a superação de preconceitos.
“[A medida] acaba estimulando o debate contra o preconceito, evoluindo para uma mudança de comportamento. Se você debate a questão étnica, acaba também falando sobre outros temas importantes de tolerância, como o combate à homofobia”, justificou.
A secretária municipal da Educação, Cleci Jurach, também apoiou a proposta. “É uma oportunidade de aliar conhecimento com o respeito à diversidade. Vai ajudar [a combater o preconceito] porque 95% das nossas escolas ficam em áreas de risco”, sustentou.
O projeto deverá ser sancionado ainda nesta semana pelo prefeito José Fortunati (PDT). Depois de publicado no Diário Oficial, a lei já pode ser aplicada nas 55 escolas municipais de ensino fundamental e médio.
Informações de portal UOL
FOTO: reprodução