Com jornadas de mais de 16 horas diárias, funcionários não ganhavam remuneração condizente e não possuíam carteira assinada.
Da Redação [email protected](Siga no Twitter)
As denúncias contra a loja Zara, do grupo espanhol Inditex, gera polêmica no país e no mundo. Uma equipe de fiscalização do Ministério do Trabalho encontrou, no fim do mês de junho, uma casa na Zona Norte de São Paulo onde 16 pessoas, sendo 15 bolivianos, viviam e trabalhavam em condições de semi-escravidão. Com uma jornada de trabalho de mais de 16 horas e sem carteira assinada, os funcionários não recebiam remuneração condizente com o tempo de trabalho.
As peças produzidas por uma empresa chamada AHA tinham um custo de 7 reais para o proprietário da oficina ilegal. “Era um local abafado, com pouca iluminação, sem ventilação, mal cheiroso, em que as janelas eram mantidas fechadas para ninguém saber que havia uma oficina de costura ali”, conta Maria Susicleia, que esteve presente na operação de fiscalização. Cerca de 35 oficinas foram identificadas por apresentarem possibilidade de ter trabalho escravo, realizado por bolivianos (portanto com indício de tráfico), produzindo roupas da marca. Tendo sido, até o momento, quatro fiscalizadas.
Lembrando que a rede não é a primeira a ser flagrada com a presença de trabalho irregular em sua cadeia. Em abril deste ano, uma oficina que prestava serviço para a Argonaut – uma das marcas de roupas da linha jovem da rede Pernambucanas – foi flagrada com bolivianos que trabalhavam mais de 60 horas semanais para receber 400 reais.
A denúncia partiu de outra investigação feita em Americana, São Paulo, quando um grupo de mais ou menos 52 trabalhadores foi encontrado trabalhando em condições degradantes. Na época, foram identificados 52 autos de infração contra a marca por causa das irregularidades encontradas nas duas oficinas.
Para cada uma das blusas da Coleção Primavera-Verão da Zara – peça que estava sendo fabricada no momento da fiscalização –, o dono da oficina recebia sete reais. Os costureiros, dois reais. Já na loja, foi constatado que uma blusa semelhante era vendida por 139 reais.
Em defesa, o grupo Inditex liberou a nota dizendo “a Inditex, em parceria com o MTE do Brasil, vai reforçar a fiscalização do sistema de produção tanto deste fornecedor como de todos os outros no país, para garantir que casos como este não se repitam”.
Com informações de Veja
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