Manifesto pacifista apresenta entrevistas com familiares de usuários, personalidades engajadas no tema e gestores públicos.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso participou do lançamento do documentário Quebrando Tabu, um manifesto pacifista a favor da descriminalização das drogas que traz o ex-presidente como âncora, na segunda-feira, dia 30, no shopping Frei Caneca, em São Paulo.
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Discussão sobre drogas é abordada em documentário com ex-presidentes
Para Fernando Henrique, o assunto tem de ser tratado pela perspectiva da saúde pública, lançando mão de teses de redução de danos, sem criminalizar o usuário nem seguir com a declarada “guerra às drogas”.
O marco dessa guerra considerado pelo filme é a política de tolerância zero contra os entorpecentes iniciada pelo ex-presidente dos Estados Unidos Richard Nixon, em 1971, no auge do movimento de contracultura, no qual as drogas tinham um papel de protagonismo.
Em Quebrando Tabu, entre as entrevistas que faz com familiares de usuários, personalidades engajadas no tema e gestores públicos, FHC passa por uma saia-justa ao aparecer ao lado do ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Allan Turnowski, afastado de suas funções neste ano sob suspeita de vazar informações de investigação da Polícia Federal para um subordinado suspeito de envolvimento com uma milícia.
Para evitar cortar a cena, que mostra o depósito em que a polícia do Rio de Janeiro armazena as armas de fogo apreendidas, a direção do filme incluiu uma legenda explicando o caso Turnowski.
Contrapontos
Embora Fernando Henrique afirme que o trabalho seja mais um debate do que uma tese – o ex-presidente concedeu a entrevista antes de assistir à edição final do longa -, não há posições contrárias à descriminalização no filme. “Pensamos, sim, em colocar. Mas na hora de editar 400 horas de entrevistas em 75 minutos não dava para pôr o (Jair) Bolsonaro falando e deixar de fora todas as experiências que relatamos”, diz Fernando Menocci, de 28 anos, produtor-executivo do filme.
Para se contrapor à política repressiva dos EUA, o filme traz políticas públicas de flexibilização no tratamento do tema, como a descriminalização promovida em Portugal e a redução de danos financiada pelo governo da Holanda. A direção é do cineasta Fernando Grostein Andrade e o filme estréia na sexta-feira, 03.
Informações de Estadão
FOTO: reprodução / Veja