Essencial para o desenvolvimento de um país, a área de engenharia no Brasil tem apenas 300 mil estudantes, quando poderia ter 750 mil.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
Em época de inscrições para vestibulares de diversas universidades, dúvidas em relação a que curso escolher e acerca do mercado profissional são freqüentes.
A página online d’O Globo levantou dados que podem ajudar aqueles com inclinação para a área das ciências exatas, especialmente das engenharias. Atualmente, o Brasil possui cerca de 600 mil engenheiros registrados. O número pode assustar e levar a crer que o mercado está saturado, mas a situação não é bem assim.
Para alguns, seis engenheiros para cada mil trabalhadores é muito pouco. Nos Estados Unidos, são 25. Segundo a Confederação Nacional da Indústria – CNI, até 2012 faltarão cerca de 150 mil engenheiros para preencher as vagas que estão surgindo.
A maior demanda será por engenheiros na área de energia. O engenheiro de energia lida com todas as formas de energia que compõem a matriz energética brasileira – seja ela renovável, como hídrica, solar, eólica ou de biomassa, seja não renovável, obtida de petróleo, carvão, gás natural ou material radioativo, como o urânio (usado em usinas nucleares).
Faltarão também engenheiros para as áreas de transporte (terrestre, marítimo e aéreo), óleo e gás, construção pesada, produção industrial e sistemas de informação.
O profissional pronto e acabado, com conhecimento amplo das novidades da ciência e da tecnologia, é raro. Os especialistas dizem que, dos cerca de 30 mil engenheiros que se formam no Brasil todos os anos, apenas 10 mil têm a necessária competência para atender às novas demandas.
Se dependesse do número de cursos de engenharia e das vagas oferecidas nele no país, escassez de engenheiros não seria um problema. O Brasil tem quase 1.500 cursos de engenharia, que oferecem aproximadamente 150 mil vagas por ano. Apesar de tal oferta generosa, o país tem apenas 300 mil estudantes nessa área – deveria ter 750 mil, se todas as vagas estivessem preenchidas – e apenas 30 mil se formam anualmente.
DESISTÊNCIA – Em artigo sobre a escassez de engenheiros, o diretor da Escola Politécnica da USP – Poli/USP, João Roberto Cardoso, ressalta que a evasão nos cursos de engenharia é enorme, sem contar que recentes avaliações apontam que apenas um quarto desse contingente tem nível de formação considerado satisfatório.
O diretor da Poli/USP ressalta ainda que levantamentos indicam que mais de 50% dos estudantes brasileiros abandonam o curso de engenharia ao final do segundo ano por não conseguirem acompanhá-lo, seja pela dificuldade inerente à formação ou por questões financeiras, visto que o curso de engenharia é caro, entre outros motivos, pela exigência de laboratórios especializados.
Para ele, o governo, considerando a dificuldade do momento, deveria injetar recursos nas escolas de engenharia para atualização de laboratórios e revisar as estruturas curriculares para acelerar o processo de aprendizagem e garantir uma boa formação. O MEC, por sua vez, diz Cardoso, precisa encontrar uma solução para mitigar esse baixo rendimento, que ocorre apenas nas carreiras tecnológicas.
Informações de O Globo
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