Se metade da população de 15 a 49 anos usasse camisinha uma vez por semana, seriam necessários 2,7 vezes mais preservativos do que a atual produção mundial.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
Centrada no acesso da população a medicamentos para controlar o vírus HIV, a luta contra a aids enfrenta agora outro desafio: a incapacidade mundial de produzir a quantidade necessária de preservativos.
“Não há camisinhas para todos”, afirma o representante do Programa das Nações Unidas para Aids, Pedro Chequer. Pelos cálculos da Unaids, se metade da população de 15 a 49 anos usasse camisinha uma vez por semana, seriam necessários 42,250 bilhões de preservativos por ano – quantia 2,7 vezes maior do que a produção mundial de 15,35 bilhões anuais. “É uma discussão que não podemos mais adiar”, defende.
A dificuldade de governos para aquisição do produto já começa a ser sentida. Quando licitações envolvem grande quantidade de preservativos, há um número menor de empresas capacitadas para a disputa. O diretor da unidade de prevenção do Ministério da Saúde, Ivo Brito, afirma que o Brasil não enfrenta problemas para aquisição. Mas conta que o governo recusou a venda para países vizinhos interessados em comprar preservativos produzidos em Xapuri.
A fábrica de Xapuri, embora considerada um marco, está longe de atender às necessidades do país. A unidade usa como matéria-prima borracha fornecida por seringueiros do Acre. “Esse formato não permite aumentar muito a escala da produção”, diz Brito. Atualmente, Xapuri fabrica 100 milhões de unidades por ano. Há potencial para que esse quantitativo seja duplicado.
O problema é que, com elevação da procura e queda da oferta, a camisinha poderá ficar mais cara. “Já é hora de se investir em fábricas no mundo”, afirma. “Uma eventual dificuldade de acesso poderia colocar em risco todo trabalho de convencimento para uso de preservativos.”
Informações de Estadão
FOTO: Tiago Queiroz/AE