Pesquisa observou que cinco dias de sono restrito pode engordar um quilo. Isso porque o hábito leva uma pessoa a comer mais do que necessita.
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Essas conclusões foram publicadas nesta segunda-feira, dia 11, no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences – PNAS. Segundo escreveram os autores do estudo no artigo, diversos estudos já relacionaram o hábito de dormir pouco a uma maior propensão à obesidade, mas poucos conseguiram encontrar uma explicação para tal associação.
A pesquisa começou quando a equipe selecionou 16 pessoas saudáveis com uma idade média de 24 anos. Os participantes apresentavam um peso normal, com um índice de massa corporal (IMC) de, em média, 22,9 (o IMC ideal é de18,5 a25. Acima disso, o indivíduo é considerado com sobrepeso ou obesidade). Além disso, nenhum deles apresentava problemas em relação à duração do sono: eles dormiam, normalmente, cerca de oito horas por noite.
Ambiente controlado
Durante duas semanas, essas 16 pessoas viveram no Hospital da Universidade do Colorado e dormiram em um dos “quartos do sono” da unidade, onde os pesquisadores são capazes de controlar e monitorar o sono dos pacientes. Nos primeiros três dias, a duração do sono e a quantidade de calorias ingeridas pelos voluntários foram controlados – os participantes dormiam cerca de nove horas por noite e consumiam a energia necessária para manter seu peso.
Depois disso, os participantes foram divididos em dois grupos: um deles passou os cinco dias seguintes dormindo apenas cinco horas por noite, e o restante dos voluntários continuou dormindo nove horas por noite.
Após esse período, os participantes trocaram de grupo. Nessa etapa da pesquisa, a equipe ofereceu a ambos os grupos refeições fartas e livre acesso a lanches durante o dia, que incluíam alimentos como frutas, iogurte, sorvete e salgadinhos.
Segundo os resultados, o grupo que passou os cinco dias dormindo menos tempo gastou, em média, 5% a mais de energia do que os voluntários que descansaram por nove horas.
No entanto, eles consumiram cerca de 6% a mais de calorias. Além disso, quem teve menos horas de sono apresentou uma maior tendência a comer menos no café-da-manhã, mas a exagerar nos lanches feitos durante a noite e após o jantar, que correspondiam, no geral, à refeição mais calórica do dia.
“Nossos achados mostram que, quando as pessoas têm o sono restrito, elas se alimentam durante seus horários biológicos noturnos, quando o organismo não está preparado para receber comida”, disse Kenneth Wright, diretor do Laboratório do Sono e Cronobiologia da Universidade do Colorado e coordenador do estudo.
Questões de gênero
Os autores do estudo também descobriram que, embora tanto homens quanto mulheres tenham ganhado peso com a restrição do sono, os participantes do sexo masculino também engordaram quando tiveram acesso irrestrito aos alimentos, mesmo dormindo nove horas por noite. As voluntárias, por outro lado, mantiveram seu peso com o sono suficiente, independentemente da quantidade de comida à disposição delas.
Diminui a capacidade de queimar calorias
De acordo com uma pesquisa apresentada no encontro anual da Sociedade para Estudo de Comportamento Digestivo (SSIB, sigla em inglês), em julho de 2012, na Suíça, a restrição do sono faz com que um indivíduo consuma mais calorias e, além disso, reduz a capacidade do corpo de queimá-las.
Isso ocorre porque dormir pouco aumenta os níveis de grelina, o ‘hormônio da fome’, conhecido assim por induzir a vontade de comer, na corrente sanguínea. Além disso, o hábito promove um maior cansaço, reduzindo a prática de atividades físicas e aumentando o tempo de sedentarismo.
Eleva o risco de câncer de mama agressivo
Um estudo publicado em agosto de 2012 no periódico Breast Cancer Research and Treatment sugeriu que dormir menos do que seis horas por dia eleva o risco de mulheres na pós-menopausa terem um tipo agressivo de câncer de mama e uma maior probabilidade de recorrência da doença.
Aumenta as chances de um derrame cerebral
Dormir menos do que seis horas por dia aumenta o risco de um acidente vascular cerebral (AVC) mesmo em pessoas com peso normal e sem histórico de doenças cardiovasculares, segundo um estudo apresentado em junho de 2012 no encontro anual das Sociedades de Sono Associadas (APSS, na sigla em inglês), na cidade americana de Boston.
Aumenta o apetite por comidas gordurosas
Dormir pouco ativa de maneira diferente os centros de recompensa do cérebro com a exposição a alimentos gordurosos em comparação com dormir adequadamente. Isso faz com que esses alimentos pareçam mais salientes e que a pessoa se sinta mais recompensada ao comer esse tipo de alimento.
Essas descobertas foram apresentadas em junho deste ano no encontro anual das Sociedades de Sono Associadas (APSS, na sigla em inglês), na cidade americana de Boston. Além disso, uma pesquisa publicada em janeiro deste ano indicou que noites de sono mal dormidas ativam com mais intensidade uma área do cérebro responsável pela sensação de apetite.
Pode desencadear sintomas do TDAH
Segundo um estudo apresentado em junho de 2011 durante encontro das sociedades médicas para o sono, nos Estados Unidos, menos horas de sono podem desencadear problemas com hiperatividade e desatenção durante o começo da infância. Esses são sintomas comuns do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade – TDAH.
Eleva o risco de impotência sexual
A 25ª Reunião Anual da FeSBE (Federação de Sociedades de Biologia Experimental), em agosto de 2010, trouxe uma pesquisa que relacionou a falta de sono e o problema sexual. De acordo com o trabalho, feito na Unifesp, além do maior risco de impotência, homens que dormem pouco têm maiores chances de desenvolver problemas cardiovasculares e de engordar.
Pode levar à obesidade
Um estudo apresentado em outubro de 2011 no Encontro Anual do American College of Chest Physicians, mostrou que jovens que dormem menos de sete horas por dia têm índice de massa corporal (IMC) maior, e que isso pode estar relacionado diretamente com os hormônios grelina e leptina, que regulam as sensações de fome e saciedade.
Informações de Veja.abril
FOTO: reprodução / Veja.abril