Nesta quinta-feira (22), um áudio que reproduz o programa “Bom Dia”, da rádio Guaíba, circula nos aplicativos de mensagem. O apresentador e jornalista José Aldo Pinheiro recebeu uma mensagem de um policial civil do Rio Grande do Sul, que atua no setor do tráfico de drogas.
A denúncia, lida pelo apresentador, cita casos envolvendo Novo Hamburgo e Campo Bom. Ambas as cidades foram vista de uma polêmica soltura de presos, que foram liberados mesmo, em um dos casos, drogas apreendidas foram avaliadas ao equivalente de 6 milhões de reais, em valor físico. Eram dois homens que foram presos com 98 quilos de cocaína, armas e munições no sábado, dia 27 de agosto, no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo. Na casa, os brigadianos encontraram 98,5 quilos de cocaína, uma pistola Glock 9 milímetros com numeração raspada com 15 munições, um revólver calibre 38 com seis balas, cinco munições de pistola 357 e material para preparar e fracionar a droga. A principal substância adicional era um saco com 67,9 quilos de cafeína, que seria misturada à cocaína no mínimo para dobrar a quantidade de droga. Os cerca de 200 quilos poderiam render R$ 10 milhões ao tráfico. Eles foram soltos já no domingo (28). O juiz de plantão do NUGESP (Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional) considerou a operação ilegal sob argumento de que os brigadianos não tinham mandado de busca nem permissão para entrar na casa do traficante. Os policiais, no entanto, afirmam que o morador permitiu o ingresso.
E é sobre este caso, e outros, que o desabafo do policial veio a tona. Ele diz, na mensagem: “Sou policial civil, atuante na linha de frente do Narcotráfico. Venho aqui pedir ajuda de vocês. Desde de que instituíram a audiência de custódia, e designaram dois juízes, estamos sendo intimidados, sempre que prendemos um traficante. É um absurdo total”, disse.
“Quase todos os presos em flagrante são soltos no mesmo dia. Basta eles alegarem tomado um tapa. Há algumas maneiras de entrarmos na cada de um traficante. Pedindo mandado judicial, flagrante e delito. Saliento que armazenar drogas em casa é um crime permanente. No entanto, os juízes que atuam no NUGESP – e são responsáveis pelas audiências de custódia, e por soltar quase todos os traficantes, simplesmente desconsideram os depoimentos”, disse a rádio.
O policial afirma que foram adotados formulários-padrões. Depois, imagens. Mas, nenhuma situação mudou as decisões do órgão. Além da soltura, segundo o policial, é enviado um ofício ao Cogepol – Corregedoria da Polícia.
Ele afirma: “Isso não passa de uma forma vil de intimidar nosso trabalho”. A reportagem teve acesso a uma decisão de Porto Alegre, que menciona a mesma situação.
A partir do áudio, a reportagem do DuduNews conversou com dois policiais hamburguenses. Um deles afirmou: ” Tá cada dia mais difícil trabalhar. A polícia não está acabando”, disse, em tom de desabafo.
A reportagem contatou a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça e aguarda retorno.