Estimativa da Sociedade Brasileira de Lentes de Contato é de que os olhos de 15% das pessoas com vícios de refração não tenham condições de usar lentes.
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As embalagens de lentes de contato devem incluir, a partir de novembro, informações sobre os riscos do uso. Esta é a recomendação do Ministério Público Federal – MPF à Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.
De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, a falta de informação nas embalagens aumenta os riscos de infecção, ressecamento da lágrima, alergia, úlcera na córnea e até cegueira.
Isso porque a venda pela internet, farmácias e ópticas sem prescrição médica induz pessoas que não são aptas a usar lentes. O especialista explica que para usar lente é necessário fazer uma completa avaliação oftalmológica que inclui utilização de lentes de teste, mesmo nos casos das coloridas sem grau.
A estimativa da Sociedade Brasileira de Lentes de Contato – SOBLEC é de que os olhos de 15% das pessoas com vícios de refração (miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia) não têm condições fisiológicas para se adaptarem às lentes. Queiroz Neto explica que mesmo em quem não têm problemas de visão, a adaptação depende da curvatura e relevo da córnea, ausência de doenças oculares ou olho seco.
“Por isso, desde 2009 a adaptação é considerada um procedimento médico pelo Conselho Federal de Medicina – CFM, mas a população banaliza as lentes por causa do fácil acesso”, afirma.
ERROS – Lentes mal adaptadas não são o único problema. Um estudo realizado por Queiroz Neto com 210 pacientes mostra que o uso além do prazo de validade ou durante a noite responde por 45% das complicações, 35% das alergias e 20% das contaminações por manutenção e armazenamento inadequados.
O médico diz que mesmo as liberadas para uso noturno devem ser retiradas durante o sono porque à noite a produção de lágrima é menor. Já as lentes vencidas sofrem deformações. Por isso, nos dois casos a chance de contaminação e ulceração da córnea é 10 vezes maior.
Alergia é maior entre mulheres
Cosméticos e maquiagem usados na região dos olhos podem impregnar as lentes e causar alergia, mais comum entre mulheres, comenta. Para evitar, recomenda que a lente seja retirada antes da remoção da maquiagem e no contato acidental dos cosméticos com a mucosa ocular.
O depósito de proteínas nas lentes é outro fator que provoca reações alérgicas e contaminação. Em geral é decorrente da higiene inadequada. Um erro comum, assinala, é usar soro fisiológico na limpeza. “Além de irritar os olhos porque contém sal, o soro não tem conservante e por isso se torna um campo fértil para o crescimento de bactérias”, afirma.
Guardar lentes no banheiro, nem pensar. O médico diz que o ar dos banheiros contém muitos microorganismos e a umidade facilita a proliferação de fungos.
As recomendações para evitar problemas com lentes de contato incluem interromper o uso ao sinal de qualquer desconforto ocular e passar por consulta médica, lavar as mãos antes de manipular as lentes, utilizar soluções limpadoras na higiene e enxágüe das lentes e estojo, friccionar as lentes para eliminar completamente os depósitos e retirar as lentes quando usar spray no cabelo.
Além disso, trocar o estojo a cada quatro meses, não entrar no mar ou piscina usando lentes e retirá-las durante viagens aéreas por mais de três horas são dicas que podem evitar complicações.
Informações de LDC Comunicação
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