World Press Photo é um dos prêmios mais prestigiosos do fotojornalismo. Imagem do sueco Paul Hansen foi analisada após denúncias e críticas.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
A imagem que levou o grande prêmio do World Press Photo, um dos mais prestigiosos prêmios de fotojornalismo do mundo, pode na verdade ser uma montagem. É o que afirma um especialista que analisou o arquivo da imagem inscrita pelo sueco Paul Hansen no concurso.
Segundo o analista de imagens Neal Krawetz, a cena de um funeral coletivo em Gaza foi montada a partir de três arquivos diferentes, e sofreu ainda interferências para iluminar os rostos de forma mais dramática. Ele expôs sua análise em um blog.
Blogueiros e jornalistas pró-Israel já haviam acusado Hansen de manipulação quando a foto foi veiculada. E segundo o jornal alemão “Spiegel”, as suspeitas aumentaram quando, ao receber o prêmio em Amsterdã e segurar lágrimas enquanto lembrava do reencontro que teve com as famílias fotografadas, ele teria “esquecido” de levar o arquivo original da foto (“raw”) para possibilitar a comparação.
O especialista que analisou o arquivo da foto mostrou vestígios encontrados no histórico da imagem, processada pelo Photoshop. Esse histórico indicaria que imagens de três fontes foram convertidas usando o programa antes de o arquivo ser fechado, denunciando a montagem.
Além disso, Krawetz nota que a foto foi editada duas semanas antes do prazo final de entrega do concurso, e não em novembro de 2012, quando teria sido feita. Segundo ele, isso indicaria que a edição foi feita especificamente com a intenção de inscrever a imagem no concurso.
Outro ponto que chama atenção, segundo o especialista, é a incidência da luz. Os rostos de algumas pessoas parecer ter sido clareados, e há inconsistência entre as sombras projetadas nas paredes laterais. Pessoas no meio do cortejo também parecem estar mais iluminadas que outras mais atrás.
O prêmio
A imagem de Hansen, que retrata uma cena em 20 de novembro de 2012 na cidade de Gaza, foi publicada no jornal sueco “Dagens Nyheter”. Ela mostra um grupo de indivíduos que levavam até uma mesquita os corpos de dois sobrinhos de 2 e 3 anos de idade, mortos em seu domicílio por um míssil israelense.
“A força desta foto está no contraste entre a revolta e o sofrimento dos adultos com a inocência das crianças”, declarou à época do prêmio, em fevereiro, Mayu Mohanna, membro do júri citado em um comunicado. “É uma foto que nunca esquecerei”, disse.
Informações de Portal G1
FOTO: AP / Paul Hansen / Dagens Nyheter