Devemos estar preparados para escolher nosso futuro com algo mais que um “X” em um gabarito
Por Gabriela Schuch
Estamos quase na metade do ano letivo e ele, que sempre pareceu tão distante, surgiu: o vestibular e suas sete cabeças. Para você que vai prestar o vestibular de inverno, ou para você que vai iniciar um cursinho pré-vestibular agora, com o intuito de uma melhor preparação para o verão, sua decisão sobre o curso está sólida?
Certamente, você tem dado uma olhada especial na tão onipotente redação, assim como os exercícios de física, química, matemática e língua portuguesa. Mas, indo um pouquinho além disso, você já está plenamente decidido quanto à carreira que pretende trilhar daqui para frente? Ou tem uma “vaga idéia”?
A primeira profissão que eu quis seguir foi uma decisão tomada na 5ª série, no auge dos meus 10 anos de vivência. E qual era? Arquitetura. Meu sonho era decorar casas. Eu, inclusive, achava que seria extremamente sensato fazer uma especialização baseada no Feng Shui
O porém da vez é que eu não conhecia a profissão e nem havia tido um contato sólido com a matemática. Quando esse contato surgiu, e também com o perfil que foi sendo moldado, eu, e muitos que me rodeavam, concordaram que eu deveria cursar Direito. Essa idéia sim parecia coerente e eu a levei durante muitos anos, inclusive fazendo planos sobre a futura promotoria que eu iria assumir.
Com 15 anos, descobri a Comunicação Social e foi amor à primeira vista. Desde então nunca mais me separei dela e ouso dizer que é um prazer ir para a universidade.
Sei que isso não acontece com todo mundo, vários dos meus colegas fizeram um vestibular para cada coisa e viu no que dava: uma colega fez vestibular para jornalismo, comércio exterior e administração; outro fez vestibular para quiropraxia e publicidade e propaganda.
O processo de escolha do que vamos fazer quando mal sabemos qual será a boa do próximo fim de semana é uma questão muito aflitiva.
O mercado de trabalho, a auto-descoberta, o que acham que você deveria cursar… Tudo isso somado vira uma bola de neve que nos confunde. O fato que nossa escolha consiste em um processo de exclusão, acaba gerando uma aflição que impede que a nossa escolha seja tranqüila.
É preciso estar preparado para tudo. Você deve imaginar que infelizmente fórmulas mágicas que indiquem a melhor profissão para cada perfil pré-universitário não existem.
Sendo assim, não tenha pressa para escolher sua carreira. Se você já sabe em qual área se sente melhor, procure conhecer seus cursos e, principalmente, o dia a dia dos profissionais. Assim, é possível evitar surpresas. Entretanto, relaxe na medida do possível, pois mesmo que se sinta angustiado, caso ocorra um engano, o leque dos dias de hoje é amplo. Você não precisa mais se submeter a uma profissão pelo resto da vida.
E a dúvida que não quer calar… Quais são as profissões em alta?
Segundo o CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), a profissão que abre mais portas para os seus estagiários é a Administração. Abaixo, segue o ranking dos nove ramos de maior procura de estagiários nas unidades do CIEE:
1°: Administração de Empresas
2°: Direito
3°: Pedagogia
4°: Comunicação Social
5°: Ciências Contábeis
6°: Ciência da Computação
7°: Educação Física
8°: Engenharia Civil
9°: Arquitetura e Urbanismo
É difícil optar por uma profissão, já que opção é o que não falta e sempre surgem novas. Estimativas mostram, entretanto, que de 100 vestibulandos, apenas 5 acabam seguindo a profissão escolhida em primeira viagem.
Na dúvida, sempre acaba sobrando pras profissões tradicionais. Um em cada três alunos escolhe Direito, Medicina, Odontologia ou Engenharia, uma parte por que quer, outra parte por que acha que deveria querer.
É fácil entender por que os alunos ficam em dúvida, pois escolher significa posicionar-se entre duas ou mais possibilidades que são igualmente atraentes.
A preocupação ocorre quase sempre às vésperas do vestibular. Raros são os jovens que se preocupam em discutir, com alguma antecedência, o que vão ser quando crescer. A incerteza é angustiante. Entre outras razões, é por isso que, dos estudantes que entram numa faculdade, quase a metade desiste no meio do caminho. A desistência muitas vezes ocorre depois de iniciada a vida profissional.
O jovem brasileiro tem que fazer sua escolha profissional cedo. Muitos argumentam que é isso que gera essa insegurança: A falta de preparo e maturidade devido à baixa idade. Se fosse possível escolher mais tarde, talvez a segurança fosse maior e assim a certeza diminuiria o índice daqueles que voltam no meio do caminho.
Conhecer a profissão em questão ainda é a melhor tática para diminuir a margem de erro na hora da escolha. É importante salientar, que a dúvida da escolha pode existir em qualquer idade.Isso acontece até mesmo entre profissionais experientes. Há quem esteja trabalhando há muitos anos e até hoje continue em crise, sem saber se escolheu certo ou errado.
Para escolher uma profissão, é importante trocar uma idéia com os pais, mas a fim de somente ver a opinião sobre a sua escolha ou sobre a área que eles exercem. Ceder as pressões familiares não é legal.
É recomendado conhecer a profissão, tanto no lado bom quanto no ruim. Não esqueça que testes vocacionais podem errar, mas não os ignore, eles servem como um bom auxílio. As profissões podem ser divididas em famílias. Algumas estão sempre em alta desde que o mundo é mundo, como Direito, Engenharia e Medicina.
As pessoas vão continuar a ficar doentes, têm de resolver a pendência do aluguel e precisam de estradas para se deslocar. Outras, embora pouco prestigiadas, não deixam seus profissionais desempregados, como Letras e Matemática, já que sempre haverá procura por professores.
Pra pensar…
Talvez a grande falha é que somos induzidos ao mercado de trabalho antes de estarmos prontos para enfrentá-lo. Ingressar em um curso superior significa um passo de amadurecimento que muitos não estão preparados para dar ainda.
Um bom desempenho profissional depende antes de qualquer coisa da vocação que temos, logicamente que combinado com um bom mercado de trabalho é o ideal. Nunca esqueça de perceber o mercado, visto que o mesmo está em constante mudança. Sinta também o que você gosta de fazer e se engaje na sua área, seja ela ciências exatas, humanas ou da saúde.
Uma consultora me disse que existe lugar para todo o mundo, o que falta são pessoas competentes para ocupar tais vagas. Seja o diferencial. Faça acontecer.
E, para isso, curse algo que você goste.