Novos vagões, com sistema de climatização e auxílio visual para deficientes auditivos, estão entre as novidades. Posicionamento do Partido Progressista nas eleições de 2014 também foi pauta em conversa.
Gustavo Fritzen [email protected] (Siga no Twitter)
A partir do segundo semestre de 2013, já será possível se deslocar do centro de Novo Hamburgo para Porto Alegre e gastar apenas R$ 1,70 para isso. Este foi um dos assuntos abordados por Leonardo Hoff, diretor administrativo e financeiro da Trensurb, em conversa exclusiva com o novohamburgo.org, assim como as novidades no sistema metroviário e nas relações políticas.
Quem anda no centro de Novo Hamburgo, seja a pé ou de carro, dificilmente não vê máquinas e homens trabalhando diariamente nas obras do metrô. Segundo Hoff, pouco se imagina que, para isso se tornar realidade, foi necessária a realização de uma série de medidas, muitas delas realizadas antes dos anos dois mil.
Há algumas perguntas que não calam quanto à expansão da Linha 1 da Trensurb até Novo Hamburgo. “Na China se constroem pontes de um dia para o outro. Por que aqui as obras demoram tanto?” O diretor já respondeu perguntas como esta diversas vezes. Diante de situações assim, Hoff lembra que o Brasil investe verbas em iniciativas sociais, como o Bolsa Família, por exemplo, e argumenta que se essas verbas fossem destinadas às construções públicas, elas teriam um andamento mais rápido.
NOTÍCIA BOA – Embora não tenha a eficácia asiática referente às obras, o metrô gaúcho contará com algo novo – mesmo para outros países, afirma. “A notícia boa é o ar condicionado”, comemora o diretor administrativo da Trensurb. Hoff salienta que 15 novos trens já virão com sistema de climatização e contarão com comunicação visual, o que deve facilitar a locomoção para as pessoas surdas e mudas. Outros 25 transportes mais antigos também estão em processo de licitação para que possam receber tais alterações.
Metrô: vantagem para o
passageiro e para as estradas
O atual público que utiliza este transporte coletivo pertence, geralmente, às classes D e C. A empresa acredita que tais modificações na estrutura poderão, sim, acabar por envolver um público de classes mais elevadas. Além do sistema climatizado, a construção de um prédio de dois andares,com um centro comerciale um estacionamento, será um incentivo para as pessoas que desejam uma alternativa ao automóvel ou a motocicleta.
“Essas melhorias também irão refletir no trânsito”, avalia Leonardo Hoff. “As pessoas deixarão de andar de carro para usarem o metrô.” Estão previstos quase 30 novos mil usuários com a linha partindo do centro da Capital Nacional do Calçado – somados à quantia atual, o total deve passar de 220 mil pessoas. Neste índice, estão incluídos trabalhadores que até então tinham como única alternativa de locomoção veículo próprio ou ônibus.
Para Hoff, os donos de empresas também agradecem a vinda do trem. Isso porque a quantidade destinada aos vales transportes poderão ser inferiores às atuais. O valor que poderia ultrapassar os R$ 8,00 agora custará menos da metade do preço.
Câmeras para evitar
situações inadequadas
No entanto, suportar tal fluxo não é tarefa fácil. Existem questões, como a depredação do patrimônio, que acabam dificultando o trabalho. “É preciso haver conscientização”, argumenta Hoff. Outro problema existente diz respeito a torcidas organizadas de futebol. O diretor explica que existem casos em que torcedores entram nos vagões sob o efeito de álcool e acabam ”mexendo com as pessoas”.
Para evitar que tais situações aconteçam, a Trensurb conta com mais de 300 câmeras instaladas em todas as estações, além de contar com uma parceria envolvendo a Brigada Militar. “É importante frisar que, em casos de violência, os passageiros não devem agir abruptamente”, avisa Hoff. A melhor atitude a ser toma nestes casos é ligar para os responsáveis da empresa e explicar a situação, para que o problema seja resolvido na próxima estação.
SATISFAÇÃO – Imprevistos como esses, porém, parecem não afetar a maioria dos usuários do trem. Hoff se orgulha ao afirmar que, de acordo com informações da companhia, 90% das pessoas que usufruem da corporação se consideram satisfeitas com o serviço oferecido. Itens como pontualidade e limpeza, por exemplo, foram avaliados. Leonardo Hoff afirma que faz questão de manter contato direto com os usuários do metrô, “para ter uma visão do que as pessoas passam, para sentir o que elas sentem”.
Integrações e extensão até Sapiranga
Ainda que as obras em Novo Hamburgo não estejam concluídas, já estão sendo planejados novos projetos, que beneficiarão a comunidade. Nos próximos dias, deverá ser lançado um edital de licitação para a Trensurb. Trata-se de requerimento envolvendo a construção do centro comercial, no valor de R$ 88 milhões, que integrará o transporte municipal com a empresa metroviária.
“A evolução do projeto que estuda extensão até Sapiranga é outra novidade”, aponta. “Nós vamos conhecer a empresa responsável pelo estudo no dia 27 de março.”
Mal foi dada essa notícia e diversos núcleos demonstraram interesse. Novo Hamburgo é um deles. O município está fazendo um movimento para que a futura linha siga o traçado através do bairro Canudos. Por outro lado, Estância Velha almeja que esta linha percorra a avenida Nicolau Becker, e a Universidade Feevale já fez um estudo que aponta o desejo de empresários do Vale do Rio dos Sinos de que a extensão siga pela RS-239.
Aeromóvel
Leonardo Hoff também comemora investimentos do governo federal que contribuirão com a Trensurb. No início do mês de março, foram anunciados em Brasília os recursos do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC que terão os municípios brasileiros como destino. Para Canoas, o prefeito Jairo Jorge recebeu a notícia de que a cidade ganhará do governo federal R$ 488 milhões do Ministério das Cidades, por exemplo.
A primeira fase do aeromóvel irá ligar os bairros Guajuviras e Mathias Velho, partindo da avenida 17 de Abril até a estação da Trensurb Mathias Velho. Os dois bairros têm quase 150 mil habitantes. Na segunda fase, a linha parte do entroncamento das avenidas Farroupilha e Boqueirão, e irá passar pela Inconfidência e Sete Povos, até a Praça do Avião. A terceira etapa ligará a estação Mathias Velho ao final da rua Rio Grande do Sul.
Deixar a Câmara foi opção para
trazer mais recursos, argumenta
Leonardo Hoff é pós-graduado em finanças públicas e já atuou como diretor-financeiro do Hospital Municipal de Novo Hamburgo entre os anos de 2006 a 2008. Em 2011, tornou-se presidente da Câmara de Vereadores de Novo Hamburgo por unanimidade e colaborou para que o acordo firmado entre os partidos para a presidência da casa fosse cumprido.
“Quando saí do cargo [de vereador], o fiz por que avaliei que iria trazer mais recursos do que como vereador”, justifica ao explicar a opção pelo cargo de sub-chefe da casa civil durante o governo de Yeda Crusius. Dentre os benefícios levantados, a verba ao Hospital Municipal é uma delas. Conforme Hoff, é dele o crédito de o dinheiro público investido no centro hospitalar ter saltado de 13 parara 27 milhões.
Assim que cumpriu suas atividades no governo do estado, Leonardo Hoff tornou a se candidatar a vereador e foi eleito. Ele seguiu seu mandato até julho de 2012, quando deixou-o para tornar-se diretor administrativo e financeiro da Trensurb.
Eleições 2014
Mesmo entre as preocupações com a Trensurb, Hoff já pensa nas eleições de 2014. Dois nomes são citados por ele para serem futuros representantes da cidade: o deputado estadual João Fischer, o Fixinha, e Renato Molling. Outras cidades, como Dois Irmãos, por exemplo, também estão se organizando, sendo Marcel Van Hattem um nome cogitado para ser um dos representantes políticos do partido no processo eleitoral do ano que vem. Em âmbito estadual, Hoff tem como meta tentar eleger a senadora Ana Amélia Lemos para o cargo de governadora do Rio Grande do Sul.
Quanto às alianças para 2014, o diretor administrativo da Trensurb acredita “em uma parceria com o PSDB e até mesmo com o PSB”. Ele também comenta que o Partido Progressista estará apoiando a presidente Dilma Rousseff (PT) a nível federal. “A minha relação com o Partido dos Trabalhadores é ótima.”
Em Novo Hamburgo, Hoff ressalta que o PP está esperando projetos da prefeitura para decidirem se irão se posicionar com oposição ou não. Em contrapartida, ele ressalta que o PT tem sido um partido parceiro, mas sendo em âmbito nacional um e localmente, outro.
CANDIDATURA PRÓPRIA – Leonardo Hoff não descarta a possibilidade do Partido Progressista ter um candidato a prefeito de Novo Hamburgo em 2016. Além de ele próprio ser um nome que pode ser consolidado, há também as possibilidades do vereador progressista Issur Israel Koch e do deputado Fixinha concorrerem.
FOTOS:
Victor Hugo Furtado
Guilherme Darros