Horário eleitoral começa nesta terça-feira e, para muitos políticos e estudiosos do assunto, este é o momento de estudar as estratégias dos candidatos.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
Partidos e candidatos não cansam de afirmar que a disputa eleitoral no Brasil só começa quando a propaganda gratuita invade a TV e o rádio, o que, neste ano, acontece a partir desta terça-feira, dia 17.
Para especialistas, embora seja inegável a importância deste tipo de divulgação, os programas devem servir como um teste do poder de convencimento dos dois candidatos à frente da corrida: Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB).
Enquanto a petista terá de comprovar que é a melhor opção para suceder o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, superando o baixo carisma e conquistando empatia com o público, o tucano enfrentará o mesmo desafio, porém, em um cenário mais desfavorável: ele aparece atrás da adversária e ainda encontra um eleitor satisfeito com o governo atual, de acordo com as últimas pesquisas.
O horário eleitoral que apresenta os candidatos a presidente será exibido às terças, quintas e sábados, em dois programas diários de 25 minutos, sendo que Dilma terá três minutos a mais que Serra.
Apesar da supervalorização dos programas, são as inserções diárias, de apenas 30 segundos cada, que mais influenciam os eleitores, segundo avaliação o cientista político Cristiano Noronha, da Arko Advice: “Os spots são muito mais eficientes, porque pegam o eleitor na base da surpresa. Já no programa eleitoral, a tendência é que o eleitor perca o interesse após os primeiros dez dias, quando ainda é uma novidade, e a audiência só volta a crescer na reta final, quando ele precisa definir o voto”.
Neste cenário, Serra também está em desvantagem: a previsão da Justiça Eleitoral é que Dilma apareça em cinco ou seis inserções diárias (de 30 segundos), distribuídas ao longo da programação. Já o tucano terá direito a três ou quatro inserções diárias.
Analisando as eleições anteriores, a situação do candidato do PSDB fica ainda mais difícil. Noronha lembra que nas últimas três eleições presidenciais, quem liderava as pesquisas de intenção de voto até o início do horário eleitoral na TV, venceu.
Apesar da aparente desvantagem, o sociólogo e professor da Universidade Estadual de Campinas – UniCamp Valeriano Costa diz que o tucano ainda pode reverter o cenário, caso fracasse a tentativa de Dilma de colar sua imagem à de Lula.
“O Serra conseguiria, sim, reverter. Essa é a hora de testar as estratégias. O Serra tem que apostar tudo [na TV], apresentar sua experiência, e tentar se mostrar atrativo. E ainda torcer para que o eleitorado não se sinta convencido dessa ligação [de Dilma] com o Lula”, avalia ele.
Para o sociólogo, os impactos da propaganda eleitoral são ainda maiores entre os eleitores mais pobres, que têm menos acesso a outros mecanismos de informação. Entretanto, ele diz acreditar que mesmo o público das classes A e B seja influenciado pelo horário eleitoral, devido à familiaridade com a linguagem televisiva.
“As pessoas que têm mais autoridade em cada região vão interpretar as mensagens emitidas, vão formar uma opinião sobre isso, e repassar para outras pessoas. Por isso o horário eleitoral é importante, pelo impacto direto e indireto”, pontua.
Embora coloque em xeque os efeitos do horário eleitoral na TV e no rádio, para Noronha, o formato continua atual, mesmo em tempos de internet. No entanto, o cientista político defende mudanças nos programas eleitorais dos candidatos proporcionais (deputados estaduais e federais), que têm poucos segundo para tentar convencer o eleitor de que merecem o voto do eleitor.
Informações de portal R7
FOTO: reprodução / tvaudiencia.net