Falava, qualquer semana atrás, com um amigo, um grande estudante de filosofia que conheci há pouco tempo. Uma daquelas pessoas que afronta a sua vida com o ritmo que todos desejamos à nossa: faz aquilo que mais lhe convém. O discurso se dirigiu, inevitavelmente, ao verão e seu ritmo, do qual surgiu a pergunta: “com quem vai, este ano, em férias”? Este me surpreendeu, dizendo: “com os meus sonhos”.
As férias, me explicou ele, é o melhor momento para estar consigo mesmo e com os sonhos que borbulham na nossa mente sem ainda ter forma definida. Momento privilegiado para deixar de lado a “rotina” de nossas vidas e de nossos pensamentos, que nos leva, tantas vezes, a manter sempre o mesmo ritmo. Estar em férias é o tempo ideal para conhecer melhor os nossos sonhos, fazê-los ganhar espaço e contornos definidos.
Este pequeno diálogo me fez refletir sobre esse assunto muitas vezes tido como banal. Esquecemos os sonhos no dia a dia, no meio de tanta correria e tantos problemas. Onde os deixamos? Estamos dedicando sempre menos tempo aos nossos sonhos? Se isso for verdade, é uma pena, porque devíamos, ao contrário, estar com eles na base de nossas escolhas, das nossas ações.
Lucio Rosso, filósofo e estudioso de psicanálise, em seu último livro “Le illusioni del pensiero”, sustenta que a mente humana é uma máquina perfeita para fabricar os sonhos. Sonhos esses, como elemento fundador de nós, seres humanos. A tese é fascinante e creio que muitos encontrariam nela ressonância com as próprias experiências pessoais. Na verdade, o assunto não é tão “vencido” quanto parece. Quanto tempo dedicamos aos nossos sonhos? Levamo-los conosco em férias ou deixamos em casa guardados em algum lugar? Vale à pena a reflexão.
Um passo fundamental para que os sonhos possam exprimir toda uma valência positiva é transformá-los em projetos. Fazer com que ganhem alma e sejam concretos, nunca esquecendo, no entanto, que precisam de ações para que tenham vida. Aquele “frio na barriga”, que mistura ansiedade com alegria, de quem sonha e tenta colocar em prática, só sente quem age. Sonhos sem movimentos, sem determinação, são somente sonhos. Encontrar uma forma de torná-los “vivos”… Só assim podem ser um motor pulsante no nosso cotidiano e instrumento potente de crescimento pessoal, porém, depende de cada um de nós. E você, já sabe quem levará consigo para as férias?
Desejo a todos excelente férias, com muita paz e felicidade!