Uma vida pode salvar oito. No dia mais difícil das famílias, quando perdem seus entes queridos, elas podem escolher se querem realizar um ato de carinho e solidariedade. Estamos falando sobre a doação de órgãos. O Hospital Municipal de Novo Hamburgo (HMNH) aderiu à campanha nacional de doação de órgãos, promovida pelo Ministério da Saúde, e, a partir da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), viabiliza e incentiva o ato. O diretor-presidente da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH), o médico Leandro Minozzo, considera que a reabertura dessa comissão foi essencial na nova fase do HMNH. “Isso vai além da nobreza do ato de doação de órgãos. A comissão qualificará o atendimento e conseguirá trazer mais recursos à nossa instituição. O resultado está nos surpreendendo”, afirmou. “Quem sabe um dia não evoluamos para transplantar rins aqui no Hospital?”, indagou o diretor.
“É a forma da família permitir que a vida siga seu curso”. O coordenador do CIHDOTT, o médico José Luis Toríbio, definiu assim o aceite dos parentes em relação à doação de órgãos. Essa é uma escolha exclusivamente da família, destacou o médico. Toríbio explica que o CIHDOTT realiza campanhas institucionais e esclarece para as famílias o assunto, para incentivar as doações. Quando um paciente vai a óbito com morte encefálica, popularmente conhecida como morte cerebral, a doação de órgãos se torna mais efetiva. Ele também comentou que com a eficácia do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que foi otimizado nos últimos anos, houve aumento na doação de órgãos em Novo Hamburgo, o que não era possível anteriormente.
Em 2016, o HMNH registrou até o momento 11 mortes cerebrais, e dessas, nove se tornaram doações efetivas. Nos últimos cinco pedidos, cinco aceites, número contado com orgulho pelo coordenador. De acordo com Toríbio, esse índice de doações, mais alta que a média estadual, é resultado da solidariedade da comunidade hamburguense. “É um ato de muita honra e altruísmo, é uma capacidade de pensar no outro. É uma forma de dar vida num momento de dor”, aponta o médico. Ele atribui o aumento positivo também aos profissionais do quadro da FSNH. Para ele, conversar com a família sobre a doação é pedir vida para outras pessoas. “Quando pedimos e a família aceita, temos a sensação de admiração pelo ato dessa família”, comenta. “Para mim, essa é a verdade e a solução. Acredito fielmente na doação de órgãos”, finaliza.
Entenda a doação de órgãos
É importante que o doador converse com a família e deixe claro o seu desejo, já que é a família que dá a última palavra no momento da doação. Podem ser doadas córneas, coração, pulmão, rins, fígado, pâncreas, osso, medula óssea, pele e valvas cardíacas. Quando o potencial doador tem a morte encefálica diagnosticada e a família é concordante, a central de transplantes é comunicada. A equipe se desloca da Santa Casa de Misericórdia, localizada em Porto Alegre, até o HMNH para realizar a retirada do órgão. Enquanto isso, a equipe do HMNH continua mantendo o corpo do doador em funcionamento para não prejudicar os órgãos. Depois da retirada, o órgão será transplantado em algum paciente que está esperando na fila de transplantes.
Fotos: (João Arnhold)