Proposta de deixar veículos em casa esbarra em problemas como transporte público insuficiente e planejamento de cidades sem espaços adequados para andar a pé e de bicicleta.
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Conforme o Departamento Nacional de Trânsito – Denatran, 38,9 milhões de automóveis de passeio trafegam no país.
São estes os veículos que deveriam ficar na garagem nesta quinta-feira, dia 22, para cumprir as recomendações do Dia Mundial Sem Carro.
Mas deixar o carro em casa significa ter que andar a pé, de bicicleta ou usar o transporte público. E aí aparece o problema: nas duas primeiras opções, o planejamento da maioria das cidades não privilegia estes tipos de locomoção. E a última não tem capacidade para atender toda esta demanda.
A dependência do automóvel fica evidente nas estatísticas da frota do país, que mostram o aumento do transporte individual. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, nos últimos 15 anos, a frota de automóveis cresceu 7% ao ano e a de motocicletas, 15%.
Para professor do programa de pós-graduação em transportes da Universidade de Brasília – UnB Paulo César Marques, que troca o carro pela bicicleta sempre que possível, a sociedade tem que pressionar o Poder Público para a mudança de foco dos investimentos em transporte.
“A prioridade das políticas públicas têm sido o transporte individual, não o coletivo. Mas o fato de as pessoas começarem a experimentar o quanto é agradável andar a pé ou de bicicleta ajuda a desenvolver a crítica e elas passam a cobrar dos governos”, explica.
MUDANÇA – Apesar dos desafios, a mudança para um modelo de mobilidade urbana mais sustentável – com menos carros nas ruas e mais investimentos em transporte público e meios alternativos de locomoção – será inevitável, segundo Oded Grajew, da Rede Nossa São Paulo, movimento que reúne mais de 600 organizações da sociedade civil. “Não há muitas opções. A mudança vai acontecer pelo agravamento da situação nas cidades ou pela conscientização.”
Informações de Agência Brasil
FOTO: reprodução / lauderioaugusto