“Se os pais não estiverem ao lado dos filhos, quem estará?” Pais relatam como foi a descoberta da opção sexual dos filhos e se isso mudou, ou não, o relacionamento.
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“Meu pai, meu herói”. O famoso chavão sempre reaparece em agosto, especialmente quando se aproxima o segundo domingo do mês. O Dia do Pais, comemorado neste ano no próximo dia 14, é o momento de agradecer apoio e carinho.
Em meio ao debate sobre o reconhecimento dos direitos dos homossexuais, o Portal novohamburgo.org foi atrás de histórias que revelem como eles lidam com a data comemorativa. E o clima de gratidão dá o tom entre famílias com rebentos gays entrevistados pelo portal G1.
Encontramos a entrevista concedida pelo funileiro de Minas Gerais, Juarez Martins, de 52 anos. “Nenhum pai educa o filho para que ele seja assim [homossexual]. No início eu me sentia culpado. Se os pais não estiverem ao lado dos filhos, quem estará? Ele é uma pedra preciosa para mim”, revela.
Por isso, Juarez já foi parar num trio elétrico em uma parada gay, após uma viagem de quatro horas com o filho, Daniel Arruda Martins. “Tenho orgulho do meu pai, da origem simples dele, de um homem que trabalhou na roça. Mesmo sem ter o recurso da informação, ele trata bem os meus amigos travestis, gays e lésbicas”, conta o rapaz, de 26 anos.
“Ele me defendia de qualquer coisa”
“Exigi estudo, caráter, que não partisse para a vulgaridade e que ele fosse distinto”, lembra o pai João Sávio Ferreira Braga, representante comercial de Cuiabá. Antes de suas próprias expectativas e projeções, optou por acolher o filho Carlos Eduardo dos Reis Braga.
Tanto é que o filho mora com o namorado, também de 18 anos, na casa dos pais. “Sentar, conversar e ouvir meu filho. Isto é o que fiz. Acredito que foi a maior prova de amor que pude dar a ele”, afirma.
Carlos Eduardo que chegou a ter quatro relacionamentos escondidos da família, comemora não ter mais que apresentar meninas aos pais para despistar a suspeita da homossexualidade e muito menos se refugiar na casa dos avós.
Pelo contrário, celebra a defesa que recebe do pai. “Ele disse aos amigos dele que se não me aceitassem, ele não mais freqüentaria a casa de nenhum deles. Daí por diante eu senti que por mais que ele [pai] não me aceitasse 100%, ele me defendia de qualquer coisa”, observou o estudante. “Eu só tenho que agradecer. Muitos amigos foram colocados para fora de casa. Da parte dele, eu nunca senti aquele olhar de desprezo.”
Grupo de Pais de Homossexuais
pode auxiliar na compreensão
Em São Paulo, o industriário Ricardo Santana Reder, de 49 anos, precisou de ajuda que veio de fora da família. “Quando a gente descobre [a homossexualidade do filho], parece que o mundo desaba”, diz.
Para o mineiro que chegou à capital paulista aos 18 anos, o conflito de aceitar o fato de ter um filho gay foi contornado com a ajuda do Grupo de Pais de Homossexuais – GPH, criado há 14 anos pela terapeuta Edith Modesto.
“Eles sofrem muito porque gostariam que os filhos fossem como eles. Ficam envergonhados diante dos amigos”, conta Edith. Após a ajuda da terapeuta e do grupo, a relação entre Reder e o filho é harmoniosa. “Deus nunca deixou apagar o amor que tenho pelo meu filho. O Victor não mudou nada, é um filho bondoso e nunca teve problemas. Isso tudo só nos aproximou”, diz o industriário.
Com informações de portal G1
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