Estatísticas também contabilizam residências improvisadas, barracas, prédios em construção e casas em favelas, que fazem parte do problema.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
Em época de eleições, habitação é um assunto que não pode ficar de fora do planejamento dos candidatos. Mas como está a situação no Brasil? A página do jornal O Globo expõe uma história que exemplifica a necessidade de mudanças no Brasil.
Jacineide Maria da Silva, de 40 anos, e Jaqueline Barbosa da Silva, de 22, são vizinhas na comunidade do Coque, na Ilha Joana Bezerra, próxima ao Centro da capital pernambucana. Residem em casas precárias, sujeitas a inundações a cada chuva forte.
Mesmo assim, dão-se por felizes. Ex-moradoras de rua, não gostam de lembrar os anos ao relento. Quando falam sobre o assunto, relatam o medo de morrer e de voltar a engrossar as estatísticas do déficit habitacional no país – estimado, segundo os últimos dados do Ministério das Cidades, em 5,8 milhões de lares.
O que as moradoras da rua São Pedro não sabem é que, mesmo tendo um teto, elas fazem parte das estatísticas: “Domicílios improvisados, barracas, prédios em construção, casas em favelas, todas essas moradias são contabilizadas”, explica Melissa Giacometti de Godoy, doutora em geografia humana e pesquisadora da área habitacional.
Moradoras de uma área conhecida pela violência e pela falta de infraestrutura, Jacineide e Jaqueline se sentem abrigadas mesmo vivendo em casas de zinco, tábuas velhas e pedaços de papelão, construídas sobre varas no Rio Capibaribe e sem saneamento.
“Eu morava debaixo de uma lona e agüentava muita coisa. Passava gente que jogava garrafa, lata, pedra e até ameaçava queimar a gente. Todo mundo dormia assustado, sentia frio à noite, e a água molhava os trapos quando chovia”, lembra Jacineide, que morou na rua com os três filhos por três anos. “Felizmente tinha umas almas boas que levavam sopa, pão, roupas”, comenta. “Hoje, eu lavo roupa, ganho R$ 200 por mês, tenho uma casa”.
Com vergonha de ter morado na rua, Jaqueline divide hoje, com o irmão, a casa para onde foi depois que a mãe foi assassinada. No primeiro ano do ensino médio, ela não trabalha e faz pequenos biscates para conseguir algum dinheiro. Na memória, os dias em que viveu nas ruas: “A noite dá frio e medo. Ninguém sabe o que vem”.
De acordo com o Ministério das Cidades, o déficit habitacional se concentra nas áreas urbanas (82%). Nas regiões metropolitanas do país, estão 1,6 milhão desses domicílios – 27% do total. O déficit está concentrado nas faixas de até três salários mínimos (89,2%) e de três a cinco salários mínimos (7%).
Informações de O Globo
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