Advogado de defesa confirmou a influência do ex-ministro no governo e no PT, inclusive na negociação de cargos, mas lembrou que isso não é crime.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
O ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, nunca negociou compra de apoio parlamentar e desconhecia detalhes da administração do PT enquanto ocupou o cargo no governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Esses foram os argumentos apresentados nesta segunda-feira, dia 06, pelo advogado de Dirceu, José Luis de Oliveira Lima, durante o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal – STF. Oliveira Lima refutou as acusações do Ministério Público destacando que as principais provas colhidas no processo, os depoimentos de mais de 500 testemunhas, desconstruíram a tese de que Dirceu foi o mentor do mensalão.
O advogado confirmou a influência do ex-ministro no governo e no PT, inclusive na negociação de cargos, mas lembrou que isso não é crime. O mesmo argumento foi usado para explicar o bom trânsito de Dirceu com empresários e representantes de instituições financeiras quando chefiava a Casa Civil, incluindo Marcos Valério.
Oliveira Lima ainda argumentou que, apesar da influência política, Dirceu não conhecia detalhes da gestão do PT. A tática adotada pelo advogado para neutralizar os depoimentos contra Dirceu foi desqualificar os autores. Foi o que aconteceu na referência a Roberto Jefferson, principal acusador do ex-ministro, classificado como “um homem eloquente, um belo orador, que conseguiu fazer um bom teatro”.
Fernando Henrique Cardoso espera punição
O ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, disse nesta segunda-feira, dia 06, que espera que haja punição para os réus do mensalão que forem julgados culpados. “Depois que eu ouvi do procurador-geral da República, houve crime. Crime tem que ser punido”. Fernando Henrique considerou natural que os réus atribuam a outros a culpa para se livrarem do processo. “É sempre assim. Cabe ao juiz separar o joio do trigo. Eu confio que o juiz tem experiência para isso”.
Na avaliação de FHC, o Supremo Tribunal Federal – STF tem exercido um papel construtivo nas decisões difíceis. Sobre o cenário econômico, Fernando Henrique mostrou confiança no Brasil. Ele lembrou que houve no país, nos últimos anos, a inclusão “necessária” de camadas mais pobres da população ao mercado consumidor, mas advertiu que esse movimento não pode ocorrer sozinho.
Segundo Fernando Henrique, o Brasil aprendeu com a crise de 1995, quando passou a regular o sistema financeiro de acordo com as regras de Basiléia. “Isso deu solidez ao sistema. Os bancos têm provisão”. Ele explicou que essa provisão permitirá ao Banco Itaú, por exemplo, enfrentar cerca de R$ 19 bilhões em inadimplência.
Para ele, o mais premente agora, quando se fala de economia, é fazer que haja mais investimento em infraestrutura. O ex-presidente sinalizou, entretanto, que é necessário mudar o paradigma, de maneira que haja uma relação mais fluida entre o setor privado e o setor público, com fortalecimento da regulação que deve sempre ser pública.
Informações de Agência Brasil
FOTO: reprodução / Agência Brasil