Episódio lembrou a “Tragédia de Heysel” em 1985, retomando a discussão da violência nos estádios latino-americanos. O quão grave deve ser a tragédia num estádio de futebol, para que os responsáveis tomem decisões mais ásperas.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
A Confederação Sul-Americana de Futebol – Conmebol anunciou nesta quinta-feira, dia 21, a punição aplicada ao Corinthians pela morte de um torcedor na Bolívia. O time alvinegro não poderá contar com sua torcida nos próximos jogos da Copa Libertadores. Além disso, não terá direito a ingressos quando for visitante.
A resolução da Conmebol, com base na súmula do árbitro Carlos Vera, tem caráter cautelar e valerá até que se tome uma decisão final sobre o caso, em um prazo máximo de 60 dias. Essa medida foi aplicada após a morte de Kevin Douglas Beltrán Espada, de 14 anos, na partida contra o San José.
O jovem torcedor foi atingido por um sinalizador que partiu da torcida corintiana no Estádio Jesus Bermúdez, na noite da última quarta-feira, em Oruro.
A notícia pegou alguns dirigentes do Corinthians de surpresa pela agilidade apresentada pela entidade. De acordo com o novo Código Disciplinar da Conmebol, cogitou-se que o time alvinegro poderia até ser excluído da competição. O gerente de futebol do clube, Edu Gaspar, foi quem recebeu a notificação oficial da decisão, por e-mail.
Agora o Alvinegro tem mais um problema para resolver. Os torcedores corintianos já haviam esgotado cerca de 83,5 mil ingressos colocados à venda para a primeira fase da Libertadores, de acordo com balanço divulgado pelo próprio clube na última terça-feira.
O primeiro jogo do Corinthians em casa será realizado na quarta-feira, dia 27 de fevereiro, contra o Millonarios (Colômbia). Só para essa partida, 28,5 mil entradas do programa Fiel Torcedor já tinham sido vendidas.
Como mandante, o Corinthians vai ter que jogarem São Paulo, pela Libertadores, com os portões fechados, sem a presença da torcida. A Fiel também não terá direito a ingressos pra acompanhar os jogos do Timão fora de casa, como visitante.
A decisão foi tomada por causa da morte do torcedor Kevin Espada, de 14 anos, atingido por um sinalizador na partida entre San José e Corinthians.
Tragédia do Estádio do Heysel – 1985
O episódio da morte do garoto de 14 anos na Bolívia, retomou a discussão da violência nos estádios latino americanos e principalmente brasileiros. O quão grave deve ser a tragédia num estádio de futebol, para que os responsáveis tomem decisões mais ásperas. Em 29 de maio de 1985, ocorreu a Tragédia do Estádio do Heysel, na Bélgica, quando estava para ser disputada a final da Taça dos Campeões Europeus, que opunha o Liverpool, da Inglaterra, e a Juventus, da Itália.
A possibilidade de confrontos entre os adeptos de ambas as equipas foi, desde início, ponderada pelas autoridades belgas, que anunciaram uma série de medidas a tomar: proibição da venda de álcool em estabelecimentos próximos do estádio, revista a todos os espectadores à entrada para o jogo, e um total de 1500 policiais para a segurança. Porém, a maior parte dos bares continuou a trabalhar normalmente e a servir os hooligans de ambas as equipas.
Os distúrbios começaram ainda fora do estádio com ingleses e italianos a trocarem provocações. Meia hora mais tarde, os britânicos lançaram o primeiro “ataque” e os distúrbios começaram a ganhar proporções incontroláveis. As grades que separavam as bancadas cederam à pressão humana e deram lugar à tragédia.
A expectativa em relação ao jogo era grande e a UEFA decidiu pela realização do mesmo. O balanço final da tragédia apontou 38 mortos e um número indeterminado de feridos. A polícia não efetuou nenhuma detenção.
Os hooligans ingleses foram responsabilizados pelo incidente, o que resultou na proibição das equipas britânicas participarem em competições europeias por um período de cinco anos. As reações do povo inglês foram todas no sentido da reprovação e incredulidade pelos atos violentos dos adeptos do Liverpool, o que levou a própria rainha Isabel II a condenar publicamente o comportamento dos hooligans e a apoiar a suspensão das equipas inglesas.
Informações de Estadão
FOTO: reprodução / The Sun / Estadão