Muitas pessoas, independentemente de classe social, vagam por consultórios médicos e clínicas do país inteiro sem que lhes digam qual é a verdadeira origem de seu sofrimento. Passam por intermináveis exames e consultas e acabam, na maioria das vezes, apenas como mais um número nas estatísticas, sem ter obtido a solução para o seu problema.
Hoje em dia, três quartos das pessoas com distúrbio mental em nosso país não estão onde deveriam estar: nos consultórios psiquiátricos e psicológicos. Um diagnóstico equivocado, um tratamento ineficaz, tudo isso pode acabar levando muitas pessoas a conviver com desconfortos intensos que acabam se estendendo a toda sua família.
O distúrbio do pânico pode ter um impacto gigantesco no cotidiano de uma pessoa, a menos que ela receba um tratamento eficaz e seja compreendida pelos demais. Este distúrbio é nitidamente diferente de outros tipos de ansiedade, pois se caracteriza por crises súbitas, sem motivo aparente e frequentemente incapacitantes.
Gradativamente o nível de ansiedade e o medo de uma nova crise podem atingir grandes proporções, impedindo que a pessoa realize as tarefas mais corriqueiras. Depois de passar por uma crise de pânico dentro de uma loja lotada, por exemplo, ou dentro de um elevador, ou mesmo dirigindo, é comum que a pessoa desenvolva medos irracionais (conhecidos por fobias) de tais situações e comece a evitá-las.
A reação de pânico e ansiedade é uma reação normal quando existe uma situação que favoreça seu surgimento. Por exemplo, se estamos em um lugar fechado onde um incêndio tem início ou um local tumultuado e com risco de perigo, é comum que isto desencadeie uma sensação de pânico. Também é considerada uma reação saudável quando, frente ao perigo iminente, sentimos medo e tentamos fugir, tomando precauções para nos protegermos. Este estado de pânico é uma resposta normal e vantajosa para a auto-preservação dos indivíduos. O pânico começa a ser patológico quando essa mesma reação acontece sem motivo aparente, espontaneamente, sendo por isso chamado de Transtorno do Pânico.
Mas afinal, o que é Transtorno do Pânico?
O Transtorno do Pânico (TP) é definido como crises recorrentes de forte ansiedade ou medo. As crises de pânico são intensas, repentinas e inesperadas, provocando nas pessoas uma sensação de mal estar físico e mental, juntamente com um comportamento de fuga, procurando ajuda de quem está próximo. Os sintomas de ansiedade são os mais variados: sudorese, rapidez dos batimentos cardíacos, medo incontrolável, entre outros.
Alguns indivíduos enfrentam esses episódios regularmente, diariamente ou semanalmente. As crises podem em geral, causar desconforto, especialmente se ocorrem em locais públicos, onde quem está passando por isso pode sentir-se muito envergonhado. Em alguns casos acabam por ter receio de sair na rua e “passar vergonha”.
Este transtorno já é considerado um problema sério de saúde. As pessoas que sofrem deste mal podem percorrer inúmeros especialistas e realizar vários exames, sendo que muitas vezes acabam recebendo o diagnóstico de que “não tem nada”, o que aumenta sua insegurança e seu desespero. Isso pode criar uma incorreta sensação de que não há nenhum problema de fato, não existindo tratamento para tal doença.
O TP não é “loucura” nem “frescura”, mas muitas vezes os sofrimentos psíquicos são tratados como tais, ou seja, como simples fraqueza de caráter. Sendo assim, é de suma importância que todas as pessoas, não somente os profissionais da área de saúde, conheçam mais sobre esse transtorno.
Um tratamento eficaz acompanhado por profissionais adequados pode prevenir os sintomas do ataque de pânico ou reduzir a sua freqüência. A supervisão por meio de uma equipe multidisciplinar é também de grande importância. Médicos, psiquiatras, psicólogos e profissionais da área da saúde podem unir-se para combater esse mal que muitas vezes permanece escondido, causando uma queda na qualidade de vida de muitas pessoas, as quais passam a conviver com o medo, a vergonha e a desinformação.
Por isso, não deixe de procurar ajuda, estaremos esperando!