Levantamento de uma lista de 16 itens principais acaba de ser realizado pelo órgão e constatou variações que podem chegar a 680% em produtos similares
O período é de férias, mas os pais já estão pensando na lista de material escolar. Quem tem filhos no colégio sabe: começa o ano e as despesas aumentam a olhos vistos. A primeira orientação é pesquisar em vários estabelecimentos comerciais e fazer o dever de casa ao avaliar o que pode ainda ser aproveitado do ano passado.
Para ajudar as famílias, o Procon Novo Hamburgo realizou um levantamento de campo, nos dias 18 e 19 de janeiro, por nove estabelecimentos comerciais de Novo Hamburgo no segmento de papelaria. As lojas estão distribuídas por várias regiões do Município e a análise de preços se deu em comparativos por 16 itens principais da lista entregue nas escolas.
A equipe foi formada pelo assistente de Fiscalização do órgão de proteção e defesa do consumidor, Lucas Coletto, e a assessora do Procon Fabiana Loreni da Rosa. A pesquisa contou ainda com a colaboração da estagiária Luandra Rodrigues Queiroz.
Itens similares chegam a uma variação até 680%
Para realizar a pesquisa de preços, o Procon dá prioridade aos produtos idênticos. Ou seja, itens de mesma marca e modelo. O objetivo é mostrar ao consumidor que, mesmo em se tratando do mesmo material escolar, a variação de preço pode ser surpreendente. A medida busca incentivar a quem compra para que mantenha o hábito de pesquisar antes de qualquer nova aquisição.
A régua plástica de 30 centímetros teve a maior variação para itens similares verificada pelo Procon. O menor preço encontrado foi de R$ 0,50, enquanto o maior valor chegou a R$ 3,90. Resumindo: 680% de acréscimo do mesmo material de uma loja para outra.
Vale lembrar que produtos sofisticados ou que remetem a brinquedos podem distrair a atenção da criança, prejudicando o seu desempenho em sala de aula. O material escolar é um instrumento de trabalho para o aprendizado e, portanto, deve ser utilizado com tal finalidade.
Opção por marcas tradicionais pode encarecer o produto
Produtos de marcas menos conhecidas podem ter uma ótima qualidade. Por que não? Compare, analise e coloque na balança todas as equações para chegar ao melhor custo-benefício. É o caso de uma caixa com 12 unidades de lápis de cor, de uma marca tradicional, com valor mais elevado, que sai por R$ 27,90. Um produto com as mesmas especificações, mas de outra marca, menos conhecida, custa R$ 3,59. Ou seja, a mais “famosa” representa um acréscimo de 644,15% no preço ao consumidor.
Sempre, claro, é importante considerar a qualidade, a durabilidade e a segurança do produto para as diferentes faixas etárias na hora de se decidir em levar o item para casa. Resumindo: nada deve ser comprado por impulso, mas após a realização de todas as análises por parte do consumidor. As decisões individuais passam pela autoavaliação de condições financeiras, real capacidade de pagamento e de assumir parcelamentos se for o caso. Mas o melhor ainda é a compra a vista que permite melhor negociação por descontos.
De acordo com a subprocuradora do Procon Novo Hamburgo, Cláudia Schenkel, a diversidade de política de preços adotada com particularidades pelos diversos estabelecimentos fez com que fosse necessário definir parâmetros a fim de efetuar um comparativo que garantisse a realização e a confiabilidade da pesquisa. A dinâmica contou com coleta de preços por técnico do órgão in loco e o acompanhamento de responsável pelo estabelecimento atestando, por meio de assinatura e registro no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), a veracidade das informações prestadas.
“Os estabelecimentos pesquisados, de diferentes portes, foram escolhidos aleatoriamente como forma de fornecer opções aos consumidores com relação restrita a preço”, observa Cláudia. “Sabendo-se que características dos produtos passam por avaliações individuais no que tange a sua qualidade.”
Saiba mais sobre os seus direitos
As escolas só podem listar itens diretamente relacionados ao processo didático-pedagógico do aluno.
Produtos de uso coletivo, como materiais de limpeza, higiene e expediente, não podem ser exigidos.
O estabelecimento de ensino também não pode solicitar marca, modelo ou indicar a papelaria em que deverá ser adquirido o material.
Como é uma pergunta recorrente, vale esclarecer: o uniforme pode ser comercializado exclusivamente na instituição de ensino ou em outro estabelecimento indicado pela escola, não incorrendo em prática abusiva. Nesse caso, trata-se de medida de segurança da instituição quanto a sua logomarca e também uma devida precaução que serve para proteger o aluno. Contudo, o preço oferecido deve estar de acordo com o que está sendo praticado no mercado.
Dicas de compra e economia
Antes de efetuar as compras, pesquise e pesquise os preços. E tenha cautela para não se deixar atrair de maneira impulsiva pela palavra “promoção”.
Algumas lojas concedem descontos para compras em grandes quantidades. Uma ótima ideia é reunir um grupo de consumidores, entre vizinhos, amigos e familiares, por exemplo, e discutir sobre essa possibilidade de compra conjunta com os estabelecimentos.
Para economizar, antes de ir ao comércio, verifique quais os itens que restaram do período letivo anterior – como tesouras, pastas, estojos de lápis de cor, canetas, etc. – e avalie a possibilidade de reaproveitá-los. Grande parte desses materiais pode ser reposta ao longo do ano letivo, à medida que for surgindo cada necessidade.
Exija a emissão da nota fiscal para o vendedor. Em caso de problemas com a mercadoria é necessário apresentar esse documento para efetuar a troca. Se os produtos adquiridos apresentarem algum problema, mesmo que sejam importados, o consumidor tem seus direitos resguardados pelo Código de Defesa do Consumidor. Os prazos para reclamar de vícios aparentes ou de fácil identificação são de 30 dias para produtos não duráveis e 90 dias para os duráveis.
Evite levar os filhos junto na hora da compra. Eles podem acabar pedindo itens de marca ou da moda fora do orçamento previamente estabelecido.
De outro lado, incentive desde cedo e em casa a consciência em relação às finanças. Aproveite para servir de exemplo aos seus filhos, no dia a dia, trabalhando questões como consumo consciente também na aquisição e escolha dos materiais escolares. Gaste o que tenha condições de pagar e observe, sempre, o custo-benefício.
Fique de olho se as embalagens de materiais como colas, tintas, fitas adesivas, entre outros, apresentam informações claras, precisas e em língua portuguesa. Devem constar dados a respeito do fabricante, importador, composição do produto, condições de armazenagem, prazo de validade e se há algum risco tóxico ao consumidor.