Se o setor industrial não tivesse perdido participação para os produtos estrangeiros, a produção doméstica subiria e produziria aumento do emprego industrial.
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Pressionada pelas importações, a indústria brasileira de transformação perdeu 17,3 bilhões de reais de produção e deixou de gerar 46 mil postos de trabalho em apenas nove meses de 2010.
A informação é de um estudo inédito da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – Fiesp, que mediu o impacto que o processo de perda relativa do setor na formação do Produto Interno Bruto – PIB apresenta na economia brasileira.
Em dois anos, o chamado coeficiente de importação, que mede o porcentual da demanda interna suprido por produtos vindos do exterior, subiu quase dois pontos. Passou de 19,6%, no acumulado de janeiro a setembro de 2008 (pré-crise), para 21,2%, no mesmo período de 2010.
Se o setor não tivesse perdido participação para os produtos estrangeiros, as importações do setor cairiam de 232,4 bilhões de reais para 215,1 bilhões de reais, segundo a Fiesp. Ao mesmo tempo, a produção doméstica subiria de 1,055 trilhão de reais para 1,072 trilhão de reais. Esse crescimento da produção, de 1,6%, produziria aumento de 0,58% do emprego industrial.
Saída para o “custo Brasil”
Parte da explicação para o avanço dos importados no Brasil está na valorização da moeda brasileira em relação ao dólar. Os economistas afirmam, contudo, que a depreciação da moeda americana só encancara as reais deficiências brasileiras: infraestrutura insuficiente, deteriorada e cara; estrutura tributária caótica e pesada; elevados custos trabalhistas; e, ante o peso do Estado na economia, juros que custam a baixar.
Desta forma, mesmo que o real custasse menos, ainda assim os produtos asiáticos continuariam a invadir a economia doméstica. A única saída, de longo prazo, seria realizar reformas profundas na economia para diminuir o “custo Brasil” e ampliar a taxa de investimento.
Diante deste quadro, as empresas têm tomado decisões radicais para tentar garantir parcelas de mercado frente ao aumento da competição dos importados. Algumas passam a transferir parte da produção para outros países ou até a fechar unidades no Brasil.
Informações de Veja
FOTO: ilustrativa / GettyImages