O Comitê Científico de Adaptação e Resiliência Climática produziu reflexões e alternativas para que o agronegócio gaúcho se torne mais resiliente, com capacidade para se adaptar e se recuperar após eventos meteorológicos extremos. A carta aberta “Construindo resiliência no agro”, assinada por 49 pessoas, apresenta um panorama do setor, enfatizando os desafios enfrentados pelo segmento em função da variabilidade do clima.
Mantendo foco na sustentabilidade e competitividade, a carta aponta a resiliência como caminho necessário. Entre os aspectos a serem considerados, destacam-se a implementação de políticas vocacionais regionais para redução dos riscos ao agronegócio, a gestão integrada de recursos hídricos, o uso sustentável da costa marinha e o fortalecimento institucional.
Um dos pontos colocados na carta se refere à gestão sustentável dos recursos hídricos, envolvendo a criação de uma Agência de Águas do Estado do Rio Grande do Sul. Esse órgão seria responsável por “implementar planos de bacias que considerem as necessidades específicas de cada região, equilibrando a demanda de água para agricultura, indústria e consumo humano.”
Além disso, o documento ressalta a importância da economia azul e da exploração sustentável dos recursos marinhos, que poderiam contribuir para a diversificação e a resiliência do setor agropecuário. A área de biotecnologia também é mencionada como um polo de pesquisa e inovação no Estado, com potencial para aumentar a produtividade e a sustentabilidade das culturas.
Precisam dar atenção as bacias
Outro destaque da carta é a necessidade de se adotar o chamado design de paisagem com uma visão de bacia hidrográfica: “Essa perspectiva integradora reconhece a interdependência entre os componentes naturais e as atividades humanas dentro de uma bacia hidrográfica, propondo um planejamento que não só otimiza o uso dos recursos hídricos e do solo, mas também preserva a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos.”
A reunião extraordinária ocorreu em 27 de agosto, na Casa da Secretaria de Comunicação do Estado (Secom), na Expointer. O Comitê Científico integra a estrutura de governança do Plano Rio Grande, com papel consultivo e propositivo relacionado às ações a serem desenvolvidas nos eixos emergencial, reconstrução e Rio Grande do Sul do futuro.
Roda de conversa
Ainda no dia 27, o Comitê Científico realizou uma roda de conversa sobre construção de resiliência no agronegócio gaúcho na arena do Estande do Governo, localizado no Pavilhão Internacional da Expointer. A assessora técnica do Comitê Científico, Alexandra Passuello, explicou o significado das palavras “resiliência” e “adaptação” neste contexto.
“Na gestão de riscos e desastres, resiliência é a capacidade que uma cidade, comunidade ou sistema tem para suportar, se adaptar ou se recuperar após um desastre”, disse. “Adaptação é um elemento da resiliência, referente ao processo de ajuste às alterações dos sistemas naturais e humanos existentes. Busca reduzir ou evitar danos potenciais a partir de ações de prevenção e mitigação de riscos”, complementou.
Números confirmam responsabilidades
A coordenadora da Assessoria de Clima da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), Daniela Lara, enfatizou a recorrência dos eventos meteorológicos extremos no Rio Grande do Sul – 10 registros no último ano – e a necessidade de projetos na área. O professor e ‘head’ do Celeiro Agfoid Hub do Tecnopuc, Luís de Melo Villwock, abordou o trabalho que vem realizando junto à Sict para contribuir para a retomada do agro gaúcho.