Durante entrevista concedida à Agência FAPESP, Sherif Zaki não vê motivo para pânico e define a prevenção necessária para que o H1N1 não volte a se tornar pandemia.
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Logo após o aparecimento dos primeiros casos da gripe suína, no México, em abril de 2009, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) divulgou que a doença poderia se transformar em uma pandemia – o que de fato ocorreu.
Mais de um ano depois, os cientistas do CDC, nos Estados Unidos, continuam tentando entender a patologia do vírus da influenza A H1N1, causador da gripe. De acordo com Sherif Zaki, chefe do Departamento de Patologia e Doenças Infecciosas do CDC, o H1N1 pode estar se transformando e adquirindo uma patologia semelhante à do vírus da influenza sazonal, que causa a gripe comum.
Zaki explica que o H1N1 continua circulando e os surtos podem voltar a ocorrer. Mas com o avanço do conhecimento sobre as possíveis mudanças em suas características, com desenvolvimento de novas vacinas e com a continuidade das campanhas de educação e prevenção, os riscos serão baixos.
Por outro lado, as pesquisas têm mostrado que, nos casos fatais de influenza, a incidência de coinfecções com bactérias é maior do que se imaginava. Zaki participou do 3º Encontro de Patologia Investigativa e da 13ª Jornada Internacional de Patologia, realizados pelo Hospital A.C. Camargo, em São Paulo.
O que os estudos já mostraram
Em entrevista concedida à Agência FAPESP, o cientista norte-americano falou sobre as vacinas. “Elas são eficientes em 60% a 70% dos casos. São altamente recomendadas para os muito jovens ou muito velhos, além de pessoas com doenças como diabetes, câncer ou asma”.
Zaki também pontua que o vírus abre as portas para bactérias, danificando as defesas do corpo. “É importante saber quais são as bactérias com maior incidência nesses casos, pois temos vacinas também para algumas delas. Esse é um componente muito importante para a prevenção, não só para a influenza, mas também para outras bactérias associadas”.
O cientista afirma que “não há razão alguma para pânico”, dizendo que é preciso conhecer o inimigo, vacinar, prevenir e continuar a campanha educativa, que inclui lavar as mãos, seguir regras de higiene, etc. “Mas não é preciso se preocupar com essa gripe mais do que fazemos com a gripe sazonal. Trata-se apenas de mais uma forma de gripe sobre a qual precisamos saber mais”.
Ele também tranqüiliza sobre a gravidade da doença. “Não é mais mortal, nem mais perigosa. É apenas diferente. E precisamos nos preparar para essas diferenças”.
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