Sônia Moura conta que reconhecimento de paternidade e pensão não eram as únicas coisas envolvidas na situação da filha com o ex-goleiro.
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A mãe de Eliza Samudio afirma, um ano depois do desaparecimento da jovem, que não tem mais esperanças de encontrar a filha viva e que a ela morreu “porque sabia demais”.
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A reportagem do portal Terra foi até o distrito de Anhanduí (a 64 km de Campo Grande), em Mato Grosso do Sul, onde Bruninho, 1 ano, vive com a avó Sônia Fátima Moura (foto). Eliza alegava que o menino é filho ser do ex-goleiro do Flamengo Bruno de Souza.
A família vive em uma casa simples, com apenas uma cerca protegendo a residência de dois quartos, uma sala e um banheiro em uma rua de terra batida. Isso enquanto a reforma da antiga casa não termina.
Sônia levou a equipe do Terra ao local onde Belelê, como ela chama Bruninho, mais gosta de brincar: um campo de futebol. Enquanto ele se divertia com uma bola e comemorava cada chute como se fosse um gol, a mãe de Eliza contava o drama da perda da filha.
No último ano, Sônia deixou a venda onde comercializava condimentos e artesanatos na beira da BR-163 para cuidar somente do neto. Ela emagreceu 25 quilos e precisa de medicamentos para dormir. Muitas vezes, descansa uma ou duas horas por noite.
“Os dias são muitos bons, mas quando chega a noite, é muito doloroso”, disse. “As minhas esperanças já se acabaram há muito tempo. Os últimos acontecimentos só vêm a confirmar o que eu já sentia. Eles não falaram o que foi feito, mas com certeza eles mataram ela, disso não tenho dúvida”.
“Ela sabia de mais coisas ali”
“Não é só a questão do reconhecimento de paternidade e pensão que ela estava querendo. Ela sabia de mais coisas ali. Acho que a Eliza tentou usar isso contra ele (Bruno) e foi por isso que eles resolveram acabar com ela”, afirmou Sônia.
“Ela sempre foi uma boa menina e a imagem dela é isso. As noites desta semana têm sido muito doloridas pra mim porque eu fico lembrando coisas passadas, quando ela era criança”, completou.
Sobre a semelhança do neto com o ex-goleiro, Sônia diz não reparar, mas conta que o olhar da criança é igual ao da mãe dele e que ele também é canhoto, como Eliza. Bruno se recusou a fazer o teste para comprovar a paternidade da criança.
JUSTIÇA – Com várias tentativas de habeas-corpus negados, ela afirma que se sentiria traída pela Justiça brasileira se soubesse que o ex-goleiro Bruno foi solto. “Não tem como eles negarem a participação dele. Espero que a Justiça condene todos que tiveram envolvimento, inclusive aqueles que estão soltos”, disse.
Ela afirmou que, se encontrasse Bruno hoje na rua, ela pediria que ele procurasse Deus. “O que eu falaria pra ele? Eu não tenho ódio do Bruno, eu não tenho mágoa. Deus tirou esse sentimento do meu coração. Eu falaria que eu tenho orado pra ele e que ele venha realmente a se arrepender de tudo que fez, porque ele sabe o que fez. Enquanto o Bruno não fizer a reconciliação com Deus, não pedir perdão, não vai ter paz”.
Avós não entram em contato, diz Sônia
Segundo ela, o ex-marido e pai de Eliza, Luiz Carlos Samudio, nunca entrou em contato, mas continua movendo um processo pedindo a guarda de Bruninho. Ela não tem mais informações sobre a ação e preferiu não comentar e nem polemizar sobre o pedido de prisão expedido pela Justiça no Paraná contra o ex-marido.
Condenado a oito anos de prisão em regime fechado por atentado violento ao pudor em 2005, ele teve a prisão provisória decretada no último dia 12 de maio, mas não se apresentou à Justiça. Samudio responde a processo pelo suposto abuso sexual de sua filha mais nova em 2003, quando a menina tinha 10 anos de idade.
Ainda de acordo com a mãe de Eliza, a família de Bruno também nunca entrou em contato com Sônia para saber informações sobre Bruninho. Algumas pessoas perguntam se o ex-goleiro já deu algum presente ao suposto filho e Sônia diz que o único “presente” que Bruno deu foi ter retirado a vida de Eliza e, conseqüentemente, o carinho que ela daria ao filho. A criança tinha quatro meses quando a estudante desapareceu.
Informações de JB
FOTO: divulgação / grandefm