Tradicional espaço de compras e lazer no centro vai perdendo espaço e freqüentadores com o passar dos anos
Comerciantes insatisfeitos e pedestres que evitam o espaço resumem bem o espírito do Calçadão Oswaldo Cruz, antiga rua General Neto, no centro de Novo Hamburgo. Debates sobre soluções para o espaço foram iniciados por diversas vezes, mas sem que soluções oficiais fossem apresentadas.
O empresário Rudimar Serves busca há dez anos implantar no Calçadão um projeto para reformular o espaço. Ele criou no ano passado uma maquete virtual da proposta, que consiste em criar um espaço de lazer multimídia, contemplação, humanização e de visitação turística no centro do Calçadão. Segundo Serves, a aposta principal do projeto está na tecnologia.
“A tecnologia hoje é uma das coisas mais baratas. Se ela for aplicada em uma obra, seu custo cai consideravelmente em função de sua elevação de usabilidade. Chega de obra publica barata e sem funcionalidade. Todo o dinheiro público deve ser bem empregado e ousar não significa gastar a toa”, entende.
Para Serves, o principal problema do Calçadão atualmente está na insegurança e na falta de uma infra-estrutura adequada. “A questão é que ele está defasado temporalmente. Redes cloacais, hidráulicas e elétricas, todas defasadas. Também o piso é escorregadio, inadequado. Chovendo fica liso, com sol fica quente demais”, reclama.
Ele acredita que um bom projeto, aliado a um programa de necessidades focado com os seus usuários é o caminho ideal para revitalizar a área.
Quando aos bloqueios físicos e visuais no Calçadão, Serves ressalta que isto ocorre tanto no Calçadão quanto em outras avenidas de Novo Hamburgo. “É um festival de bobagens, placas de propaganda, painéis nas marquises das lojas, uma grande poluição visual. Cada um faz o que quer e fica assim”, afirma, ressaltando que a fiscalização no local também é deficitária e sugerindo a utilização de guardas municipais para esta finalidade.
Serves também defende a melhor seleção das atividades praticadas no espaço. Segundo ele, isto não significa elitizar o Calçadão. “Não dá para deixar a coisa virar uma “zona” e ficar assim mesmo. Ou qual a família que vai freqüentar um espaço assim?”, questiona. “Nas sextas-feiras, vemos consumo de drogas e de bebidas até por menores, Por isso pergunto sobre a Guarda Municipal, criada para cuidar exatamente destes espaços?”, acrescenta.
Morador de Novo Hamburgo, Rudimar Serves não concorda com a tese de que desativar o Calçadão para voltar a ter uma rua no local irá solucionar os problemas do local. “Nunca houve nenhum tipo de mudança para melhorar a trafegabilidade das ruas centrais. Nos finais de semana, elas são intrafegáveis. Mais uma rua no lugar do Calçadão só vai atravancar mais ainda”, diz.
Serves se mostra favorável a um possível controle sobre distribuição de panfletos, pesquisas e outras abordagens costumeiras no local. “As pessoas de mais idade já fogem do Calçadão, pois aquele pessoal dos bancos de empréstimos as caçam sem trégua. Isto é falta de regramento da Secretaria de Indústria e Comércio”, afirma.
“A prefeitura perdeu a hora de transformar aquele local em um magnífico centro de cultura. Criaram uma Câmara de Vereadores e um Centro de Cultura já inadequados até naquela época. É a obra licitada, muito lucro para os envolvidos, material barato na execução, projeto inadequado ao que se propõe e, ainda por cima, arquitetonicamente feio! É difícil fazer um concurso público, dando um DVD player ao melhor projeto? Falta vontade! O conhecimento do espaço é essencial. Viver nele também”, reforça.
Opiniões
Comerciantes do Calçadão se mostram favoráveis à idéia de Rudimar.
“Rua aqui não vai resolver. Aqui é um espaço de lazer. O projeto do Rudimar é lindo e barato”, diz Neusa Xavier.
“Deve trocar o piso por um não-escorregadio e que não suje tanto. Por isso, a idéia do Rudimar é muito boa”, indica Rodrigo Käfer.