Vereador em segundo mandato pelo Partido dos Trabalhadores, Gilberto Koch diz que afastamento do sindicalismo é opção política e pessoal e garante: “Fiz minha parte!”
Felipe de Oliveira [email protected]
Novo Hamburgo. Década de 90. Começava a crise do setor coureiro-calçadista. Um sapateiro despontava como líder do movimento de reação dos trabalhadores às demissões em massa. Seu nome? Betinho. Hoje, apenas vereador Gilberto Koch.
“Estou me desligando da direção colegiada do Sindicato dos Sapateiros”, anunciou nesta quinta-feira, dia 03, na tribuna da Câmara Municipal. “Acho que nesses 20 anos já fiz minha parte. Tem sangue novo no caminho e a gente tem que dar oportunidade.” O vereador do PT foi presidente da entidade que representa os sapateiros hamburguenses e também da seção da Central Única dos Trabalhadores – CUT na região do Vale do Sinos entre 1997 e 2003. Deixa de ser dirigente. Garante, no entanto, que segue na categoria e no quadro social do sindicato.
OPÇÃO PESSOAL E POLÍTICA
O conflito entre o Betinho sindicalista e o Gilberto Koch vereador começou com a primeira vitória do PT na eleição à Prefeitura na história da Capital Nacional do Calçado em 2008. Líder do governo no Legislativo, teve de defender medidas combatidas pelos sapateiros – foi eleito também vice-presidente da Casa na semana passada para um mandato “tampão” até 31 de dezembro. A gota d’água foi a aprovação dos projetos que extinguiam o plano de carreira dos funcionários públicos municipais em novembro. Koch se absteve no primeiro turno. Dois dias depois, votou a favor da medida proposta pelo Governo Tarcísio.
Bastou para companheiros de direção no sindicato subirem ao caminhão de som em frente à Câmara de Vereadores e criticá-lo. As manifestações foram veementes e nos dias seguintes Betinho foi à tribuna pedir respeito e contra-atacar, explicando os motivos de sua posição. “Hoje não faço mais parte. Mas tive, e tenho, orgulho de ter sido da direção desse sindicato”, revelou nesta quinta-feira. “Estou saindo por uma opção pessoal e por uma opção política partidária.”
DE SINDICALISTA À VEREADOR
Carlos Gilberto Koch tem 54 anos e é natural de Novo Hamburgo. Consolidou sua liderança a partir da profissão de sapateiro. O movimento sindical passa a fazer parte da história, formalmente, em 1989.
Quatro anos antes, já estava filiado ao Partido dos Trabalhadores. Entre os companheiros o atual prefeito hamburguense, Tarcísio Zimmermann, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na foto à esquerda, Betinho aparece em ato político com Lula em Porto Alegre, em 1996. Ao fundo, bandeiras do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra – MST.
Representar os trabalhadores no parlamento era uma questão de tempo. Em 2000, quase. Empatou em votos com a também petista Celina Grezzana: 1.048. A correligionária era mais velha. Ficou com a vaga, conforme prevê a Lei Orgânica do Município. Betinho foi o primeiro suplente da bancada do PT que tinha ainda Ralfe Cardoso, eleito com 1.175 votos. A primeira eleição como titular vem em 2004, com 3.128 votos. Na reeleição, ano passado, conquistou a preferência de 2.331 eleitores. Em ambas foi o candidato mais votado do PT.
FOTOS: Arquivo/CMNH