Carta de renúncia do cargo será entregue pelo seu filho. Partido não soube informar o nome do suplente de Eduardo Azeredo (PSDB-MG).
Da Redação ([email protected]) (Siga no Twitter)
Nesta quarta-feira, dia 19 o deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), réu na Ação Penal 536, o processo do mensalão mineiro, em análise no Supremo Tribunal Federal -STF, decidiu que vai renunciar o mandado na Câmara. Sua carta de renúncia do cargo será entregue pelo seu filho, Renato Azeredo.
Azeredo anunciou e cancelou nestas últimas semanas, por duas vezes, seus pronunciamentos, onde ele teria a oportunidade de falar um pouco sobre o pedido de condenação, além de ressaltar alguns pontos referentes as manifestações de representantes do governo a respeito das denúncias. O procurador geral da República, Rodrigo Janot, pediu pena de 22 anos de prisão para Azeredo, pelos crimes de corrupção e prática de caixa dois. O relator do caso é o ministro Luís Roberto Barroso.
Conforme a Mesa Diretora da Casa, não há qualquer comunicação oficial sobre a decisão de deputado. O partido não soube informar o nome do suplente de Azeredo, uma vez que a lista segue uma ordem por coligação.
Confira a carta de renúncia de Azeredo:
“Quem assume a atividade política se sujeita a, repentinamente, encarar situações dramáticas e até impensáveis, ditadas pelas mudanças de conjuntura e por ataques, pressões e interesses de adversários. As versões dadas aos fatos, sem cerimônia, estraçalham a vida pessoal como num atropelamento inesperado na travessia de uma rua. Não importa o que a pessoa é e o que já fez em favor da sociedade e dos ideais que escolheu servir.
É assim que me sinto hoje! Uma tragédia desabou sobre mim e a minha família, arrasando o meu nome e a minha reputação, construídos com zelo permanente a partir do legado exemplar que recebi dos meus saudosos pais, Renato e Ruth Azeredo — eles próprios, pessoas que também sempre se dedicaram à vida pública e ao bem de Minas Gerais e de nosso país.
As acusações de que fui alvo pela Procuradoria Geral da República, com base em testemunhos e documentos falsos, não me pouparam. De cidadão, que deveria ter assegurado o sagrado direito de defesa, fui transformado em mero alvo político destinado a sofrer ataques para compensar delitos cometidos por outros.
A infeliz coincidência de uma agência de publicidade contratada antes mesmo de meu governo, ter se envolvido em rumoroso episódio de negociações suspeitas para fins políticos a nível federal, fez de mim um cúmplice que não fui e nunca seria em ações de que nunca participei nem participaria. As alegações injustas, agressivas, radicais e desumanas da PGR formaram a tormenta que me condena a priori e configuram mais uma antiga e hedionda denúncia da Inquisição do que uma peça acusatória do Ministério Público.
Mas, contra elas, volto a assegurar e repetir que não sou culpado de nenhum ato de peculato. Não fiz empréstimo fictício para a minha campanha de reeleição ao governo de Minas em 1998. Não fiz nem faria, por uma questão de princípio, nenhuma lavagem de dinheiro.
O governador de Minas Gerais, com 20 milhões de habitantes e mais de 500 mil funcionários entre ativos e inativos, não governa sem descentralizar, sem delegar! Injusto em que as responsabilidades de um governador são semelhantes e proporcionais às de um presidente da República!
Mas de que adianta mais eu alegar que não sou culpado? O que posso é reafirmar que estou pronto a responder em qualquer foro às acusações que me fazem. Não vou, porém, me sujeitar à execração pública por ser um membro da Câmara dos Deputados e estar sujeito a pressões políticas. Esta sanha não quer que eu prevaleça a ponderação da Justiça, mas, sim, ver, pendurado e balançando no cadafalso, o corpo de alguém exemplado para satisfazer os mais baixos apetites em ano de eleição.”
Informações de CP / Brasil 247
Foto: Geraldo Magela / Ag.Senado