Há meses atrás, escrevi nesta coluna uma crônica chamada “A primeira vez ou a busca do som perfeito”, onde eu lembrava o impacto arrebatador provocado por algumas músicas na gente, já na primeira vez em que a se ouvia.
Hoje pela manhã eu acordei com a nova edição da Rolling Stone brasileira na minha cabeceira, e comecei a rabiscar notas sobre novos lançamentos, método que eu tenho usado rotineiramente para buscar por novidades no mundo da música.
Me dei conta de que eu tenho usado não só este mas alguns outros artifícios, visitando páginas na internet que são referenciais para mim na procura por um som perfeito, e me deparei com uma reflexão bem interessante sobre coisas do tipo: “Afinal, o que estou procurando?” ou ainda “Porque é tão difícil encontrar?”. A verdade apareceu logo em seguida: Eu não sei exatamente que música estou procurando!!! Ou então, eu sei bem o que eu não estou procurando. Disso aí a mídia está cheia!
O que eu não quero são aquelas nojeiras sertanejas, nem pagode e nem funk ( e nem bossa nova). Por isso é que tem 6 rádios FM escolhidas a dedo na memória do meu carro (entre as que pegam por aqui). Mesmo assim, às vezes quando estou ouvindo essas mesmas rádios, acabo tendo que recorrer a uma passada rápida pelas outras 20 que pegam na região para ver se acho algo de interessante… porque mesmo as rádios confirmadas estão cheias de rocks repetitivos e gritados, e hip-hops infiltrados. Um saco! Sem falar naquelas cantoras pop “geme-geme” que estão na moda. E tem uma que até cacareja!
Então embarquei na seguinte viagem: – Eu gosto mesmo é de Rock Progressivo!. O que eu quero sentir de novo é aquela sensação que tive ao ouvir o Yes, ou King Crimson, ou Jethro Tull pela primeira vez. Embarquei nessa idéia, fui até o site mais próximo especializado em rock progressivo e baixei uma lista dos 100 melhores álbuns de rock progressivo de todos os tempos.
No. 1: Jethro Tull (Thick as a brick). Já conheço de cór e salteado…
No.s 2 e 3: Dois álbuns do Genesis.
Baixei esses Genesis e comecei a ouvir aquelas loucas aventuras em “Mellotron”. Hum… Acho que não era bem isso que eu queria… Não foi feliz a minha idéia de ir buscar um troço que aconteceu há quase 40 anos atrás!!
Próxima idéia brilhante: fui vasculhar a internet atrás de alguma lista de TOP 10 de bandas mais recentes, e achei umas listas meio bizarras, de coisas novíssimas que eu nunca ouvi falar… Como nem tudo na vida são espinhos, encontrei este site bem legal da NPR.org, uma organização de rádios americanas com finalidades não comerciais, que tem uma fonte de CDs lançados em 2007 de onde tenho tirado muitas coisas muito boas.
As “listas” encontradas aí são temáticas. Tem novidades da Música Clássica, Jazz, Rock, e até mesmo uma lista de votação dos ouvintes. Esta última, é claro, recai sobre artistas um pouco mais comerciais como o Radiohead (In rainbows), Amy Winehouse (Back to Black), Arcade Fire, LCD Soundsystem e White Stripes.
Mas navegando pelas outras listas, encontrei bandas e artistas muito bons, como Iron & wine (que já comentei numa coluna anterior), The Avett Brothers, Yeasayer, Beirut, Buddas Band, e muitos, muitos outros.
E o mais legal é que dá para ir escutando as canções on-line, enquanto navega pelas listas! Enjoy it!
Pick of the week
Beirut
Flying club cup
Beirut é uma banda da cena underground de New York, que faz um sonzinho bem leve e solto, com instrumentos acústicos como violões, acordeão, metais e percussão. Liderada por Zach Condon, que é a voz e a alma da banda, faz um som muito particular. Às vezes me lembra a sonoridade do “Tangos e tragédias”, mas poderia ser a trilha sonora de qualquer grupo de teatro de rua, devido a simplicidade e as figuras sugeridas por suas canções.
O link abaixo conduz para os vídeos “caseiros” produzidos para todas as 12 músicas do seu novo disco chamado “Flying club cup”.
http://flyingclubcup.com/spip.php?rubrique1
Os vídeos são ótimos, e usam idéias também bastante simples em torno dos artistas executando suas canções nos arredores e dentro da casa de Zach.
Vale a pena conferir:
#1 – NANTES – O cara vai descendo a escada do edifício e cantando. Em cada andar ele vai encontrando os outros músicos da banda, e a música vai crescendo até ficar completa e plena quando todos encontram o andar térreo.
# 8 – IN THE MAUSOLEUM – A música tem uma pegada inicial meio jazzística, mas ganha contornos ciganos com a entrada do violino. E ao final a grande surpresa aparece na cozinha!!! Uma coleção de pequenas grandes idéias!