Nova regra será válida a partir de dezembro. Momento será delicado graças às compras de fim de ano, diz diretor de banco.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
A nova regra que aumentará o pagamento mínimo de 15% para 20% da fatura a partir de dezembro está preocupando os bancos. A novidade vai apertar o orçamento dos clientes que empurram a maior parte da dívida para o mês seguinte.
O maior temor se refere a janeiro de 2012, quando o cartão trará todas as compras do fim do ano e, sem o 13º salário, clientes também terão gastos como matrícula, material escolar e impostos. Já no ano passado, nos bancos e também no Banco Central, o medo era de que a exuberância da indústria, que crescia a taxas chinesas, poderia se transformar rapidamente em inadimplência.
Nesse período, alguns executivos ficaram assustados: pesquisas pedidas pelos bancos mostravam que muitos clientes, em especial os de menor renda, acreditavam que o pagamento mínimo quitava a dívida. O governo ficou preocupado e chamou o setor para reorganizar as coisas.
“Estamos nos preparando. Será um momento delicado porque o cliente terá de pagar mais numa fatura grande pelas compras de dezembro. Além disso, o orçamento já é normalmente apertado com os gastos do início do ano. Alguns terão problema”, diz um diretor de um grande banco de varejo.
Uma das preocupações é que os clientes organizem as contas com base na memória do ano passado e se programem para o pagamento mínimo do Natal de 2010, que ainda era de 10%. A expectativa cresce ainda mais com os sinais de que a economia está desacelerando e indicadores de emprego e renda devem se acomodar nos próximos meses.
Aumento do comprometimento da
renda está relacionado ao cartão
O Banco Central reconhece que a novidade reduz o espaço no orçamento das famílias. Em maio, quando entrou em vigor o primeiro aumento do pagamento mínimo — de 10% para 15% —, o comprometimento da renda familiar com dívidas aumentou rapidamente de 19,9% em maio para 21% em junho, o maior nível da história, conforme a nova metodologia de cálculo adotada pelo BC. Antes disso, o indicador permaneceu estacionado na casa dos 19% por mais de dois anos.
Esse aumento do comprometimento da renda, reconhece a instituição, foi praticamente causado pelos 5% a mais no pagamento do cartão. Em dezembro, deve acontecer salto semelhante.
Após observar a migração dos 10% para os 15% no meio do ano, o mercado observou que a maioria dos clientes usou o cheque especial para pagar a conta do cartão. A partir de dezembro, deve ocorrer o mesmo.
Informações de ZeroHora.com
FOTO: ilustrativa