Mahmud Ezzat é o novo chefe interino após a prisão de Mohamed Badie. Mais de 800 pessoas morreram em confrontos no país nos últimos dias. Meios de comunicação chamam Ezzat de “Homem de Ferro”.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
A Irmandade Muçulmana do Egito nomeou nesta terça-feira, dia 20, um chefe interino após a detenção de seu guia supremo, indicou o site do Partido da Justiça e da Liberdade – PJL, que responde as suas orientações.
“Mahmud Ezzat, chefe adjunto da Irmandade Muçulmana, assumirá a função de guia supremo do grupo de forma temporária depois que as forças de segurança do sangrento golpe militar detiveram o guia supremo, Mohamed Badie”, indicou o site do partido islamita. Ezzat, de 69 anos e médico, esteve detido várias vezes, junto a Badie, nos anos sessenta e setenta.
Meios de comunicação chamam Ezzat de “Homem de Ferro”
Badie foi detido no âmbito da repressão iniciada pelo governo, instalado pelo exército, contra a Irmandade Muçulmana, confraria do presidente islamita deposto Mohamed Morsi.
Dezenas de seus líderes foram detidos, entre eles Morsi, que permanece preso em um local secreto desde sua deposição, no dia o3 de julho, pelo exército após grandes manifestações que pediam sua saída.
Morsi enfrenta acusações relacionadas a sua fuga de uma prisão em 2011, além de acusações por “cumplicidade de assassinato” e “torturas” de manifestantes em dezembro de 2012.
A Irmandade Muçulmana já havia indicado que Badie “era apenas um indivíduo entre os milhares que se opõem ao golpe de Estado”, dando a entender que o movimento continuará sua mobilização contra a destituição e a detenção de Mursi no dia 3 de julho pelo exército.
As televisões locais, aderidas à causa do exército e a favor da violência aplicada contra o “terrorismo da Irmandade Muçulmana”, emitiram imagens nas quais era possível ver Mohamed Badie prostrado e vestindo uma galabiya, a longa túnica branca tradicional egípcia.
Badie, de 70 anos e que só apareceu em público uma vez desde a deposição de Mursi, foi detido na madrugada desta terça-feira em um apartamento do Cairo e conduzido à prisão de Tora, onde se encontram seus dois adjuntos, Khairat al-Shater e Rashad Bayumi, com quem será julgado no domingo por ‘incitação ao assassinato’ de manifestantes anti-Mursi.
Desde o início das manifestações pró-Mursi, milhares de membros da Irmandade Muçulmana foram detidos, entre eles alguns responsáveis, como o chefe de seu partido político e ex-presidente do Parlamento Saad al-Katatni, também detido.
Mais de 800 mortes
Na prisão de Tora também se encontra detido Hosni Mubarak, o presidente expulso do poder por uma revolução popular no início de 2011. Este último encontra-se na prisão apenas por um caso de corrupção, depois de ter obtido a liberdade condicional em outros três após a superação do período máximo de prisão preventiva.
Quanto à Mursi, que está detido pelo exército em um local secreto desde sua deposição, foi acusado de “cumplicidade de assassinato” e de “torturas” contra manifestantes na segunda-feira.
Nada parece deter o exército em sua repressão contra a Irmandade Muçulmana. que desde 2011 venceu as primeiras eleições legislativas e presidenciais livres do país. Isto pode levar novamente os islamitas à clandestinidade e provocar um retorno aos anos negros de 1990 com sua sangrenta violência.
Mais e 800 pessoas morreram entre quarta-feira, dia 14, e domingo, dia 18, em confrontos entre os islamitas que apoiam o presidente deposto Morsi e forças de segurança em diversas cidades do Egito.
Informações de G1
FOTO: reprodução / reuters