No ensaio fotográfico Half, artista americana que emagreceu 73 quilos em um ano, retrata o que muda quando metade do corpo vai embora. As fotografias são uma tentativa de retratar a dor física e emocional que a acompanhou ao longo de 12 meses.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
Aos 25 anos, a americana Julia Kozerski entrou na categoria dos obesos mórbidos. Ela pesava em torno de 153 quilos e metade de seu corpo era composto de gordura. Após a morte de sua mãe, devido à diabete, e pelo fato de seu pai já ter três marca-passos, Julia decidiu emagrecer. Ela não foi ao médico nem se matriculou na academia.
Fez tudo sozinha: controlou o tamanho das refeições, cortou fast-food, doces e refrigerantes da dieta e se exercitou o quanto pôde. Ao final de um ano, havia perdido metade do peso de seu corpo.
“Caminhei por mais de seis horas alguns dias e em uma ocasião pedalei por mais de 32 km. Porém, a coisa mais surpreendente que fiz foi me fotografar nua durante esse processo.”
Em sua série de autorretratos Half, Julia desnuda a realidade que se esconde por baixo das roupas de quem passa por uma perda extrema de peso. “Quando comecei essa transformação, não queria nada mais do que parecer uma dessas modelos que deixam as pessoas de queixo caído, mas não é bem assim”, diz Julia, se referindo às marcas deixadas pelo emagrecimento súbito.
“Durante a jornada, senti que havia perdido minha identidade. Olhava no espelho e não me reconhecia”, afirma. As fotografias são uma tentativa de retratar a dor física e emocional que a acompanhou ao longo daqueles 12 meses, a luta contra a comida, a obsessão, o autocontrole e a autoimagem. “Elas mostram o que é de fato viver com metade de mim mesma.”
No início, os autorretratos eram apenas um registro privado do processo de transformação de seu corpo. Depois Julia passou a compartilhá-los nas aulas do Instituto Milwaukee de Arte e Design, onde estudava. Rapidamente, percebeu que a história que contava não se restringia à sua experiência, mas a de qualquer pessoa que não se sente “normal” diante dos padrões de nossa sociedade.
A intenção agora é que a série incite discussões públicas ou privadas sobre beleza e autoestima, sucesso e fracasso, perda e reencontro da própria identidade e aceitação de si. “Quando olho as imagens, apesar da flacidez da pele e das estrias, que poderiam ser consideradas ‘falhas’ por alguns, vejo o corpo de uma mulher que transformou completamente a si mesma, a sua vida e seu futuro.”
Informações de Revista Galileu
FOTO: reprodução / Julia Kozerski