De todas as investidas da equipe de combate à dengue em Porto Alegre, a maioria esbarra na resistência dos moradores, que não permitem a entrada do agente, ou as residências estão fechadas.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
O agente de combate a endemias Urubatã dos Santos ia começar a percorrer as ruas do bairro Chácara das Pedras,em Porto Alegre, na manhã de quinta-feira, dia 13.
Ele iria fazer a quarta tentativa de vistoriar algumas casas quando a pedagoga Daiane Kaminski de Mello, 37 anos, parou o carro no meio-fio, baixou o vidro e perguntou: “Tu és da vigilância sanitária?”
Devidamente identificado, o rapaz foi conduzido até a casa de Daiane, uma quadra adiante, para conferir se os mosquitinhos que ela mesma tinha guardado em um pote transparente eram ou não da dengue.
”Já tinha ligado para a prefeitura porque andava desconfiada que os mosquitos que apareciam aqui em casa eram diferentes,” comenta.
A confirmação de que se trata ou não do Aedes aegypti depende da análise laboratorial. A visita do agente é apenas de orientação, para banir possíveis focos do mosquito. No pequeno reservatório de uma fonte desativada no jardim, Santos coletou a primeira amostra de uma larva suspeita.
No pátio, ele mesmo despejou água corrente nos ralos e colocou clorofila em todos eles. Também conferiu se as pastilhas de cloro estavam em quantidade adequada na piscina. Pediu uma escada para ver se não havia nada na calha. A cada passo, a moradora recebia uma orientação para manter a prevenção em dia.
“São ações muito simples. Se isso for feito uma vez por semana, já afasta o risco,” ensina Santos.
Capital tem 25 casos autóctones da doença
O interesse de Daiane pelas lições do agente, porém, é exceção. De todas as investidas da equipe de combate à dengue em Porto Alegre, 40% esbarram na resistência dos moradores, que não permitem a entrada do agente, ou as residências estão fechadas, informa a coordenadora do Controle Operacional de Dengue, Maria Mercedes Bendati.
“As pessoas cobram ação do poder público, mas elas precisam fazer sua parte para controlar a infestação. É muito importante deixar o agente entrar e manter as rotinas de prevenção depois que ele vai embora,” reforça a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde – SES, Marilina Bercini.
Segundo ela, a dengue está sob controle no Estado, ainda que o número de casos confirmados tenha avançado em fevereiro: foram 68, contra 37 no mês anterior. O último balanço da SES, divulgado na terça-feira, contabiliza 106 casos de dengue, sendo 30 autóctones, 25 deles contraídos em Porto Alegre.
Como posso ter certeza de que o agente é da equipe de controle da dengue?
Os agentes andam uniformizados. Os itens variam em cada município. Na Capital, eles usam camiseta verde, colete, boné e mochila da equipe de prevenção. No crachá de identificação do Instituto Municipal de Saúde da Família (Imesf) consta o nome completo, o número de matrícula e o RG. Com esses dados, o morador pode confirmar se aquele é um agente da vigilância sanitária, por meio do telefone 156. A prefeitura não disponibiliza essas informações na internet para manter a privacidade dos funcionários.
Por que não é possível agendar a visita?
De acordo com a coordenadora do Controle Operacional de Dengue da prefeitura de Porto Alegre, Maria Mercedes Bendati, não é possível agendar a visita por conta do número de agentes, são 120 para atuar em 40 bairros. A estratégia adotada é retornar em horários diferentes ao local onde a casa estava fechada.
Por que não é divulgado um cronograma das visitas em cada bairro?
Maria Mercedes informa que cada região tem características diferentes, o que torna difícil prever o número de visitas que podem ser realizadas por cada agente nas diferentes áreas da cidade. Uma das estratégias já utilizadas pela prefeitura é anunciar a ação por meio de carros de som.
Para evitar a dengue:
— Feche caixas d’água, tonéis e latões
— Limpe com escovação os bebedouros de animais
— Guarde garrafas vazias com o gargalo para baixo
— Guarde os pneus velhos sob abrigos
— Mantenha desentupidos ralos, canos, calhas, toldos e marquises
— Não acumule água nos pratos dos vasos de plantas, encha-os com areia
— Coloque embalagens de vidro, lata e plástico em uma lixeira bem fechada
— Mantenha a piscina tratada o ano inteiro
— Coloque areia nos cacos de vidro dos muros
— Não deixe acumular água parada em pneus, pratinhos de plantas. Em bromélias, a dica é esguichar água entre as folhas com uma mangueira, uma vez por semana, para manter a planta livre de larvas
Sintomas da doença:
— Febre
— Dor de cabeça, dores nas articulações e nos músculos
— Dor atrás dos olhos
— Indisposição, perda de apetite, náusea e vômitos
— Manchas vermelhas no tórax e nos braços
Informações de Zero Hora
FOTO: reprodução / Zero Hora