Clientes relatam prejuízos financeiros e frustrações de sonhos após viagens serem canceladas pela Gales Turismo.
A Polícia Civil de São Leopoldo está investigando a agência de viagens Gales Turismo após ao menos 10 pessoas registrarem boletins de ocorrência contra a empresa. Os clientes afirmam que tiveram suas viagens canceladas e não receberam o devido ressarcimento. A empresa alega dificuldades técnicas e financeiras decorrentes da pandemia como motivo para suspender suas atividades presenciais e fechar a sede física na cidade. No entanto, as investigações se concentram em entender se a agência já sabia, no momento da venda dos pacotes, que não conseguiria cumprir com as viagens, o que poderia caracterizar estelionato.
O Pesadelo dos Clientes
Um grupo de mais de 50 pessoas, reunido em um grupo de WhatsApp, compartilha histórias similares de frustrações e prejuízos causados pelo cancelamento das viagens pela Gales Turismo. A jornalista e escritora Camila Rocha, uma das clientes lesadas, conta que ela e outros cinco membros de sua família estavam prestes a embarcar para a Itália quando receberam uma mensagem padrão de cancelamento pelo WhatsApp. Segundo Camila, tentativas de contato após o ocorrido foram infrutíferas, e o prejuízo estimado em seu caso ultrapassa os R$ 130 mil.
Outra vítima, a professora Tânia de Mello, também recebeu a mesma mensagem e teve suas viagens para a Itália e Grécia canceladas. A falta de resposta por parte da agência a deixou indignada, e ela calcula um prejuízo superior a R$ 36 mil.
O aposentado Nilso Tremarin, que estava prestes a realizar um sonho de viagem com sua família para a Itália, já havia pago R$ 43 mil de um total de R$ 63 mil do pacote adquirido. A notícia do cancelamento foi devastadora para eles, além do prejuízo financeiro, eles se viram privados de uma experiência única.
Empresa alega dificuldades financeiras e opera apenas online
A Gales Turismo justifica o cancelamento das viagens citando dificuldades técnicas e financeiras enfrentadas durante a pandemia. Afirmam que necessitam de um período mínimo de 90 a 180 dias para reestruturar o negócio. No entanto, clientes lesados acusam a empresa de negligência e de não fornecer informações adequadas sobre a situação financeira antes da venda dos pacotes.
Embora a sede física da agência tenha sido fechada, a empresa continua operando na modalidade de vendas online, mantendo site, conta de Instagram e dois números de WhatsApp para contato.
Investigação em andamento
A delegada Cibelle Savi, responsável pela investigação na 1ª Delegacia de Polícia de São Leopoldo, anunciou que a proprietária da agência será convocada para depor ainda nesta semana. O objetivo da investigação é verificar se a Gales Turismo tinha conhecimento prévio de que não conseguiria cumprir com os pacotes vendidos, o que pode caracterizar o crime de estelionato e vantagem indevida contra os clientes lesados.