Nesta nova edição de Rotas Alteradas, mais uma figuraça da música instrumental, que tem tudo a ver com a cultura brasileira e gaúcha.
Na semana passada, zapeando pelos canais com sinal UHF de televisão topei com a transmissão de um show de um acordoneonista, e a sonoridade impressionante daquele instrumento chamou logo a minha atenção. Não mudei de canal até descobrir de quem se tratava.
Achei a princípio que fosse algum ilustre desconhecido daqui do Brasil mesmo, principalmente por estar passando num canal de TV aberta, e também pelo local em que acontecia o show: o Theatro São Pedro em Porto Alegre. Depois de muitos minutos de emoção, pela beleza das músicas, e o virtuosismo arrepiante, descobri que se tratava de um italiano, Richard Galliano, acompanhado do brasileiro Hamilton de Holanda no bandolim.
Coisa impressionante, show maravilhoso mesmo!
Descobri logo depois, vasculhando a Internet que Galliano é um acordeonista que está no auge da maturidade de sua carreira, e que faz shows ao redor do mundo inteiro, sendo acompanhado por muitos jazzistas de renome.
Galliano é responsável pela revitalização e modernização da “musette”, a música Parisiense da virada do século XX que foi a resposta francesa ao Tango de Buenos Aires, a exemplo do que Astor Piazzolla fez com o próprio tango na segunda metade deste século.
Aliás, Galliano foi colaborador e amigo pessoal do Piazzolla, sendo agora um dos testemunhos vivos, e responsável pela propagação e ampliação dos estilos musicais fundamentados pelo gênio argentino, o que pode ser percebido claramente ao ouvir as composições “New York Tango” e “Tango pour Claude”.
Mas bem mais do que isso ainda, Galliano se sente fortemente influenciado pelo Brasileiro Sivuca, e deixou isso bem claro no show do São Pedro, dizendo que o Sivuca declarava ter bebido direto na fonte do cearense Luiz Gonzaga, e ao se inspirar em Sivuca ele (Galliano) está assim “recebendo todo o legado da tradição do acordeon brasileiro”.
Assim, o que se sente ao ouvir Galliano é uma inacreditável mistura de ritmos como o baião, xote, tango, e a própria tradição francesa, com um toque impecável de (pós) modernidade que é conferido pelos arranjos jazzísticos, e um virtuosismo que nos remete a músicos Brasileiros do quilate de Renato Borghetti e Luiz Carlos Borges.
Richard Galliano: http://www.richardgalliano.com
Catálogo da Dreyfuss Records: http://www.dreyfusrecords.com/catalogue_ns.php?l=0
Escute trechos de músicas de Richard Galliano: http://www.last.fm/music/Richard+Galliano
Pick of the Week – Rüdiger Oppermann – Changing Tide
Com um som que parece de uma guitarra, e um contrabaixo de Jazz parece falar… Custei a acreditar que aquele instrumento de cordas que eu ouvia era uma harpa. Oppermann construiu uma harpa personalizada capaz de distorcer as notas com um vibrato similar ao do Blues. E ele a executa plugada em pedais de guitarra (de jazz, é claro) que origina um som maravilhoso, no mínimo original.
Rüdiger Oppermann é um dos grandes nomes mundiais da New Age/World Music, este “estilo” que “nasceu” para as grandes gravadoras nos anos 80, mas que no fundo só faz resgatar as músicas de estilo mais autêntico, e de músicos personalíssimos, que sempre existiram no mundo todo, mas que não se classificavam nos estilos mais comuns de música.
Este som de Rüdiger Oppermann é possível encontrar no Vol 9 de uma coleção de CD’s de “Nova Era” que foi distribuída junto com a revista Planeta nos últimos anos.
Também é possível encontrar outros discos dele pela internet.
Imperdível!