Famílias aguardam informações sobre as causas da queda do vôo 447. Sabe-se que pane nos sensores de velocidade comprometeu a ação dos pilotos.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
O acidente com o vôo 447 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico quando fazia a rota Rio-Paris, completa dois anos nesta terça-feira, dia 31.
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A data é cercada por mistérios sobre as causas da queda da aeronave, assim como pela expectativa dos parentes em relação à identificação das vítimas resgatadas. Nos últimos dias, houve avanços nas investigações técnicas sobre o acidente em meio às expectativas das famílias das 228 vítimas.
“Há dois anos, não tínhamos informação precisa. Nesses dois últimos meses, localizamos as caixas-pretas e dispomos agora de todos os elementos para compreender o que ocorreu”, afirmou o investigador-chefe do acidente com o vôo AF 447, Alain Bouillard, do Escritório de Investigações e Análises (BEA, na sigla em francês).
O avião decolou às 22h29min GMT (19h30min no horário de Brasília) do dia 31 de maio de 2009 com 228 pessoas a bordo e caiu pouco menos de quatro horas depois, a cerca de 1,1 mil quilômetros da costa brasileira.
Pela primeira vez desde o acidente, o BEA confirmou, na última sexta-feira, 24, que a pane nas sondas de velocidade do Airbus foi o ponto de partida de uma série de eventos que levaram ao acidente. “Se o problema nas sondas não tivesse ocorrido, não teria havido o acidente”, disse o diretor do BEA, Jean-Paul Troadec.
As famílias, no entanto, deverão aguardar até o final de julho, quando será divulgado um relatório com as primeiras conclusões sobre as causas do acidente. Os resultados definitivos das investigações só serão anunciados no próximo ano.
ERROS – Por enquanto, sabe-se que a pane nos sensores de velocidade comprometeu a ação dos pilotos e pode ter induzido a erros de pilotagem. Especialistas sugerem que o BEA estaria dando destaque para eventuais falhas dos pilotos após o incidente com as sondas – declarando que em casos semelhantes a tripulação havia conseguido recuperar o avião – porque isso seria uma forma de reduzir as indenizações a serem pagas às famílias.
Vidas modificadas
A vida da jornalista Renata Mondelo Mendonça tem poucas semelhanças com a de dois anos atrás. Depois do acidente da Air France, ela mudou de cidade, de emprego e passou a ser mãe e pai para o pequeno Thiago. Ele tinha apenas 11 meses quando o pai morreu. “Hoje meu filho me pergunta porque é o único menino da escola que não tem pai. Ele me pede um pai de brinquedo”, conta Renata.
O marido de Renata, Marco Antonio Camargos Mendonça, de 44 anos, era um dos 228 passageiros do vôo AF 447. Eles eram casados há cinco anos e moravam em Belo Horizonte, onde Marco Antonio era diretor internacional do Departamento de Manganês da Vale.
Ao lado da dor da perda, a questão prática de enfrentar processos e negociar acordos e indenizações é um capítulo vivido por todas as famílias das vítimas, mais cedo ou mais tarde.
PROCESSO NOS EUA – O advogado João Tancredo, que representa famílias de 15 vítimas em ações contra a Air France, diz que os processos são por dano moral e material, e que a indenização por dano moral tem sido de mil salários mínimos por parente. Eles levam em média três anos para ser concluídos, ou seja, as primeiras indenizações devem começar a ser pagas no ano que vem.
Outras famílias do Rio de Janeiro tentaram entrar com processos nos Estados Unidos, apostando na maior velocidade da Justiça norte-americana. Presidente da Associação de Familiares das Vítimas do Vôo AF 447, Nelson Marinho diz que a corte americana não aceitou o processo. Eles agora procuram negociar um acordo com a companhia.
Informações de Agência Brasil
FOTO: reprodução / saiunojornal.com.br