Esporte que exige pedalar, correr e nadar vai reunir os melhores do planeta em Budapeste, na Hungria. Matheus Ghiggi pedala 50 km diariamente pelas ruas de Novo Hamburgo.
*Mônica Neis Fetzner [email protected] (Siga no Twitter)
Sabe aquele velho ditado popular que diz “há males que vem para o bem”? Não? Então conheça a história do triatleta hamburguense Matheus Ghiggi (fotos).
Às vésperas de embarcar para a Hungria, onde vai disputar o Campeonato Mundial de Triathlon, o jovem de 18 anos visitou o Portal novohamburgo.org para contar um pouco da sua trajetória. Engana-se quem pensa que foi fácil.
No país do futebol, como não poderia deixar de ser, o contato com o esporte começou com a bola. Só que uma lesão que precisou ser tratada até com fisioterapia o aproximou das piscinas. A intenção era apenas curar logo o pé machucado para voltar aos campinhos.
Eis que em 2005, surge a oportunidade de integrar a equipe de natação do Colégio Marista Pio XII, onde estudava, em Novo Hamburgo. Não sairia mais das piscinas. Foi quando conheceu Jonas Araújo, hoje seu técnico e também triatleta. As primeiras medalhas de ouro vieram das águas: três campeonatos estaduais nadando pelo Pio XII.
A primeira competição de Aquathlon (corrida e natação) não demoraria. O convite partiu de Jonas Araújo. Se do futebol Matheus guardava um trauma, também carregava consigo uma herança importante para o atletismo: velocidade. Venceu um estadual em novembro de 2005 e outro em fevereiro de 2006 na nova categoria. Desde então, não parou mais. Em maio do mesmo ano, participou de um campeonato brasileiro de ciclismo e corrida. No mês seguinte, estreou oficialmente no Triathlon, ganhando!
DISCIPLINA – Para quem acha que é fácil, no entanto, vai um recado. Matheus Ghiggi leva a sério o esporte. E olha que é uma modalidade que está longe de ser preferência nacional. Começou como brincadeira em um clube de atletismo de San Diego, nos Estados Unidos, em 1974, antes de se tornar olímpica. “Algumas pessoas pensam que esporte no Brasil é só futebol. Essa é uma das dificuldades”, revela o atleta.
Se a origem do esporte foi uma brincadeira, atualmente, a intensa rotina remete é a trabalho. Correr e pedalar são atividades diárias de Matheus, sem folgas nos fins de semana. Nas tardes de segunda a sexta-feira, nada uma distância de 4 km. As manhãs normalmente são ocupadas com percursos de 50 km de bicicleta e outros 10 km correndo. No meio disso tudo ainda tem as aulas de Administração na Universidade Feevale, instituição que representa também como atleta.
Sonhando alto
O dia 03 de maio de 2010 foi decisivo na carreira. Data da seletiva para o Mundial de Triathlon, em Belém do Pará. O hamburguense carimbava seu passaporte para Budapeste, capital da Hungria, onde estarão os melhores triatletas do planeta no mês de setembro.
Sonho realizado? Sim, mas em parte. Afinal, chegar a um Mundial não é para qualquer um. Matheus não esconde, porém, que o principal objetivo é participar dos Jogos Olímpicos de 2016, no Brasil. Tarefa difícill. É preciso estar entre os 60 melhores do mundo para conquistar o direito de disputar as Olimpíadas. O ranking é baseado no Circuito Mundial.
As dificuldades não param nas pistas, nas águas e nos pedais. Poucas etapas do Circuito Mundial são realizadas na América Latina. Portanto, é preciso também apoio finaceiro para as viagens à Europa e aos Estados Unidos. “As pessoas não conhecem o esporte”, volta a destacar o atleta, reforçando a dificuldade em conseguir patrocínios. Se depender do seu talento, por outro lado, essa é uma realidade prestes a mudar… E para melhor!
* Colaborou Felipe de Oliveira [email protected] (Siga no Twitter)
FOTOS: arquivo pessoal