Os dados da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA) constantes do boletim epidemiológico 2019 de afogamentos no Brasil, organizado por David Szpilman e com dados do DATASUS, são alarmantes
Da Redação [email protected] (Siga no Facebook)
Nesta sexta-feira, 27, dois jovens hamburguenses morreram por afogamento em praias catarinenses. Rafael José Martins, 25 anos, estava na praia da Ferrugem e, de acordo com testemunhas, ele teria tido um mal súbito quanto tentado ajudar uma amiga que estava na água. Socorrido pela equipe do helicóptero Arcanjo do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina, Rafael foi retirado da água inconsciente e durante uma hora foi tentada sua recuperação, o que não foi possível.
Na noite de sexta, Pitter Deivis Silva, 21 anos, morreu na praia de Canasvieiras, no norte da ilha de Florianópolis. Após afogamento em torno de 20h30, foi retirado da água por populares e foi atendido por socorristas do SAMU, mas não resistiu. Testemunhas contaram à Guarda Municipal que o jovem estava com tênis, calça jeans mochilas nas costas e não apresentava um “comportamento normal”. A região, que passa por obras de alargamento da faixa de areia, teve sua segunda morte por afogamento na semana.
No Rio Grande do Sul, em 6 dias, de 21 a 26 de dezembro, foram realizados 52 salvamentos, conforme dados do Corpo de Bombeiros. Destes, 40 foram no Litoral Norte, 1 no Litoral Sul e 11 em águas internas (praias de água doce, rios e lagoas). Foram causadas pelo menos 8,6 mil lesões por águas-vivas.
Na tarde da última quarta-feira, dia 25, foi registrada a morte de um menino de apenas 6 anos que se banhava no Rio Caí, em São Sebastião do Caí. O local, apesar de bastante frequentado por banhistas, não conta com atendimento de salva-vidas.
Números são alarmantes
Segundo o Boletim Brasil 2019 – Afogamentos, da Sobrasa, o número de óbitos em 2017 foi de 5.692 casos, sem falar nos incidentes não fatais, estimados em mais de 100 mil. A maior parte das vítimas (47%) está entre pessoas de 1 a 29 anos.
São 16 brasileiros mortos por afogamento por dia, uma a cada 92 minutos. Homens morrem em média 6,7 vezes mais do que as mulheres.
O afogamento no Brasil é considerada a 2ª maior causa de óbito em crianças de 1 a 4 anos, a 3ª maior causa entre 5 e 14 anos, a 4ª entre jovens de 15 a 19 anos e a 6ª maior causa de óbito em jovens entre 20 e 24 anos.
44% dos afogamentos acontecem nos meses entre novembro e fevereiro e mais de 65% nos finais de semana e feriados. Locais como praias oceânicas, apesar do alto índice de afogamentos e de mortes por afogamento, são proporcionalmente menos inseguros pela presença dos salva-vidas e um cuidado naturalmente maior pelos banhistas, enquanto em rios e represas estes dois fatores normalmente não estão presentes.
Crianças de 1 a 9 anos se afogam mais por queda em piscinas e espelhos da água em casa e em seu entorno. Crianças que sabem nadar se afogam mais por incidentes de sucção pela bomba em piscina. Já crianças com mais de 10 anos e adultos se afogam mais em águas naturais do tipo rios, represas e praias
Em 2017, ano de referência do Boletim, 90% das mortes ocorreram por causas não intencionais (2,5/100 mil habitantes), 3% por causas intencionais (suicídios e homicídios) e 7% com intenções indeterminadas, desconhecidas.
Entre os locais de óbito por afogamento no Brasil, em torno de 90% se dá em águas naturais – sendo 75% em água doce (25% em rios com correnteza, 20% em represas, 13% em remansos de rios, 5% em lagoas, 5% em inundações, 3% em baías, 2% em cachoeiras e 2% em córregos) e 15% em praias oceânicas -, 8,5% por águas não naturais (2,5% em banheiros, caixas da água, baldes e similares, 2% em galerias de águas fluviais, 2% em piscinas e 2% em poços) e 1,5% durante transporte com embarcações.
Apesar dos números alarmantes, a redução de 52% da mortalidade por afogamento em 40 anos, desde 1979, aponta caminho acertado na luta contra esta endemia.
Afogamento não é acidente
Os maiores fatores de risco são a idade menor de 14 anos, uso de álcool, baixa educação, comportamento de risco, falta de supervisão e a epilepsia, sendo que pessoas epilépticas tem de 15 a 19 vezes maior risco de afogamento.
Mais de 90% das mortes ocorrem por ignorar os riscos, não respeitar os limites pessoais e desconhecer como agir.
David Szpilman, sócio fundador e diretor da SOBRASA, referência internacional em salvamento aquático, enfatiza a necessidade da prevenção: “afogamento não é acidente, não acontece por acaso, tem prevenção, e esta é a melhor forma de tratamento!”
O Boletim Brasil 2019 – Afogamentos sugere 3 atitudes simples que fazem a maior diferença na redução dos afogamentos: compreender o problema dos afogamentos na nossa área, conhecer seu risco pessoal de afogamento levando a prevenção e por fim a multiplicação da prevenção. No site da SOBRASA é possível ter um prognóstico completo que vai desde o cuidado com as crianças próximo de piscinas até atitudes para lidar com inundações e a categorização de rios seguros pelos poderes públicos.
Com informações da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA) e G1
Foto: Bombeiros de Santa Catarina / Divulgação