Para o diretor-geral de Agroenergia do Ministério da Agricultura mudar a forma de comercializar o álcool pode profissionalizar o setor.
Para depender menos do petróleo, a proposta dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush de aumentar a produção de álcool combustível (etanol) também gera debates sobre a forma de comercializa-lo. O comércio internacional possuir regras específicas, como condições de estocagem, abastecimento, etc.
A estas regras dá-se o nome de commodity, ocorre, por exemplo, com o petróleo, a soja, o milho e o açúcar. Isso significa que ele é um produto padronizado, que tem intenso comércio no mundo, e, por isso, seu preço é cotado pela bolsa internacional de mercadorias.

Nesta segunda-feira (12), o presidente Lula avaliou, no programa Café com o Presidente, que esse processo de transformação em commodity é “irreversível” para o álcool e que a produção precisa ser planejada com responsabilidade. Em entrevista, o diretor-geral de Agroenergia do Ministério da Agricultura, Ângelo Bressan Filho, afirmou que o comércio mundial de etanol pode ser comparada a uma atividade “amadora”, que vai se profissionalizar com essa transformação.
“Hoje, a produção e o comércio de álcool é uma atividade ainda amadora. Com a commodity, vai se profissionalizar o setor. Essa é a diferença entre um mercado pequeno e isolado, como acontece hoje, e um grande mercado que pode se abrir com a commodity do etanol”, sublinha Bressan. Para ele, se o etanol virar uma commodity o processo irá mudar. Precisará se adequar às normas e padrões internacionais e de qualidade, além de os negócios serem fechados nas bolsas de mercado, podendo ser comercializado por telefone, internet, etc. Mas é preciso que haja muitos produtores para garantir o fornecimento em larga escala, o que hoje ainda não acontece.
O propósito do Brasil é que outros países passem a produzir álcool, seja a partir da cana-de-açúcar, do milho, da beterraba, da soja ou de qualquer outra matriz agrícola. E quanto mais países começarem a usar o álcool como forma de reduzir a emissão de gases que contribuem para o aquecimento do planeta, maiores serão as chances do preço do biocombustível ser estipulado no mercado internacional, completa Bressan.

Entretanto, destaca o diretor de Agroenergia do Ministério da Agricultura, mesmo que aumente a concorrência mundial, o Brasil não corre riscos de perder a liderança do setor, pois tem conhecimento, tecnologia, clima favorável à agricultura, e espaço para aumentar sua produção. “Não podemos esquecer de que se cresce a venda de um produto no mercado internacional, o país passa a receber mais dinheiro do exterior, já que aumenta a exportação”, assinala.
Bressan reconhece não ser claro os benefícios para os consumidores brasileiros, “essa é uma dúvida de todos”, diz. O governo, segundo ele, não tem como saber se vai cair o preço do álcool na bomba do posto de combustível. “A única certeza é que não vamos ter crise de oferta do produto, como já tivemos no passado. Ou seja, o álcool não vai faltar. Agora, como o preço do álcool vai se comportar é uma incógnita”, finaliza.
Fonte: Agência Brasil