Jornalista hamburguense Leandro Staudt relembra trajetória, fala sobre desafios da comunicação e destaca importância de preservar a memória histórica do Rio Grande do Sul.
Natural de Novo Hamburgo, o jornalista Leandro Staudt completou em 2025 25 anos de atuação na Rádio Gaúcha, consolidando-se como uma das vozes mais reconhecidas do jornalismo gaúcho. Em entrevista ao programa Conversa de Peso, com Rodrigo Steffen, Staudt relembrou sua origem, destacou a importância do jornalismo como preservação da memória e refletiu sobre o papel das redes sociais na relação entre público e comunicação.
Origem e primeiras inspirações
Filho de uma família da Vila Nova, em Novo Hamburgo, Leandro Staudt cresceu entre livros, rádios e jornais, fascínio que o levou à escolha pelo jornalismo. Formado pela Unisinos, iniciou sua carreira em 1999 na Rádio Progresso, passando em seguida para a Rádio Gaúcha, onde construiu uma trajetória marcada pela persistência e pela escuta atenta.
Apesar da timidez na juventude, encontrou no jornalismo a oportunidade de unir curiosidade, disciplina e paixão pela informação. “No início, tentei forçar uma voz grave, como os locutores antigos. Mas logo aprendi que o jornalismo exige naturalidade. A voz tem que ser a tua voz”, recordou.
Trajetória consolidada na Gaúcha
Ao longo de 25 anos, Leandro Staudt atuou como repórter, editor e apresentador. Hoje, comanda o programa Gaúcha Mais, além de participar de coberturas especiais e manter presença em diferentes plataformas do Grupo RBS, como o jornal Zero Hora e o site GZH.
Staudt relembrou coberturas marcantes, como o sequestro em um ônibus de Porto Alegre, nos anos 2000, transmissões aéreas em aviões históricos e uma visita claustrofóbica a uma mina de carvão. Experiências que, segundo ele, moldaram a compreensão de que o jornalismo é serviço público e registro de memória coletiva.
“O maior privilégio é trabalhar com ídolos que eu ouvia na infância, e de repente estar lado a lado com eles. Isso é algo difícil de explicar”, destacou.
Resgate histórico e identidade cultural
Nos últimos anos, Staudt ampliou sua atuação com projetos voltados à preservação da memória gaúcha. Na coluna Almanaque Gaúcho, no Zero Hora, e em conteúdos audiovisuais, tem se dedicado a recontar episódios da imigração, curiosidades culturais e tradições do Rio Grande do Sul.
Durante o bicentenário da imigração alemã, em 2024, produziu reportagens e séries especiais que se tornaram referência. Para ele, resgatar o passado é fundamental para compreender o presente e projetar o futuro. “O mundo não nasceu comigo. Quando revisitamos a enchente de 1941, por exemplo, conseguimos entender e até prever aspectos da enchente de 2024. A história se repete e precisamos aprender com ela.”
Neste ano está sendo celebrado o sesquicentenário da imigração italiana e no próximo os 400 anos das Missões Jesuíticas.
Jornalismo e redes sociais: novos desafios
Leandro Staudt também refletiu sobre as transformações no jornalismo diante da velocidade das redes sociais. Se antes críticas chegavam em cartas publicadas semanas depois, hoje o retorno é imediato e muitas vezes hostil.
“Há uma dificuldade de parte do público em diferenciar o papel do jornalista e do influenciador. O jornalista não está ali para concordar com tudo ou defender um lado, mas para ouvir e apresentar diferentes versões. Esse é o nosso compromisso com a informação”, afirmou.
Apesar da pressão, ele defende a importância de manter a escuta cuidadosa e a fala responsável. Para Staudt, o jornalista precisa ser ponte entre a memória e a atualidade, sem se perder na lógica do imediatismo digital.
Novo Hamburgo como raiz
Mesmo com carreira consolidada em Porto Alegre, Staudt mantém laços fortes com Novo Hamburgo, onde nasceu e iniciou a trajetória profissional. Foi torcedor do Esporte Clube Novo Hamburgo e frequentador da antiga Sociedade Esperança, clubes que marcaram a identidade esportiva local.
Essas memórias pessoais, associadas à vivência no Vale do Sinos, alimentam seu trabalho de resgate cultural, que hoje dialoga com diferentes gerações. “As cidades da região poderiam valorizar mais sua história, inclusive de forma turística. Preservar a identidade é também criar oportunidades de desenvolvimento”, ressaltou.
Um legado em construção
Para o futuro, Leandro Staudt prefere não criar expectativas excessivas, mas seguir consolidando seu trabalho no rádio e na produção histórica. “Jornalismo é tempo. A vida se constrói em degraus, e eu sigo feliz em fazer o que gosto, com dedicação e respeito à memória coletiva.”
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Clique na imagem abaixo para assistir ao Conversa de Peso com Leandro Staudt no canal da Vale TV no YouTube:
Entrevista para o programa Conversa de Peso, com Rodrigo Steffen.